Como já falei aqui muitas vezes ando a atravessar uma espécie de reader’s angst. Onde antes eu mal podia esperar acabar um livro porque tinha logo dois ou três em lista de espera, agora fico alguns dias a marinar no que hei-de ler a seguir, sem grande vontade de pegar em nada. Se calhar é visionamento de episódios da Buffy em excesso, mas a cada um o seu pecadilho.
Assim, quando fui para o meu mini-passeio de férias levava o Kindle bem recheado, mais um livro em papel dum autor português e pensava que estava preparada para o descanso. E isso durou até à primeira estação de serviço, onde encontrei aquelas edições de bolso da Leya que mesmo sem pensar em comprar vou sempre espiolhar. E desta vez caí completamente na armadilha, pois não só tinham As Aventuras de João Sem Medo, livro delicioso que uma amiga me emprestou há uns anos e que eu fiquei apaixonada, como na compra de dois livros ofereciam um saco de pano. Ora assim é impossível resistir e lá vim eu não com um, mas dois livros e um saco nos braços.
E que livro escolher para acompanhar o João? A escolha era variada e interessante, mas acabei por trazer Inês de Portugal, do João Aguiar. Este é sem dúvida um dos meus escritores portugueses favoritos. Li A Voz dos Deuses há alguns anos e adorei. Como segui ciências no 10º ano o meu conhecimento de história é pouco e na sua maioria adquirido através de livros e documentários. E os livros deste autor, para além de contarem histórias muito envolventes, estão também envolvidos numa roupagem histórica que os torna ainda mais ricos.
Até agora tinha lido sempre livros da era da colonização romana, período que gostei muito e sobre o qual já tentei encontrar mais informação sem grande sucesso. O mundo dos livros de história ainda é difícil de desbravar e não consigo distinguir os que valem a pena ler dos que são pesados calhamaços de escola. Este é não só dum período diferente, como o nome deixa antever historieta de amor, coisa para a qual me falta paciência.
No entanto foi uma agradável surpresa. O amor está lá em pano de fundo, mas o enredo foca-se mais na conjectura política e nas implicações para o país de todo o caso, o que tornou o livro muito interessante. Quem o lê à espera duma profunda história de amor como usualmente é retratada vai ficar desiludido, mas para mim foi muito melhor assim.
Não tão bom como A Voz dos Deuses , mas mesmo assim leu-se num fôlego e como sempre tem notas explicativas no final, para percebermos o que foi realidade e o que foi liberdade artística e acabarmos a leitura com mais conhecimento do que começamos.
Recomendo a todos os que gostam de história ou simplesmente dum livro bem escrito.
Goodreads Review