Acabei de Ler – Second First Impressions

second first impressions

Keep scrolling if you prefer to read in English.

Começo por dizer que no momento em que escrevo isto terminei este livro apenas há alguns dias, e tive que ler a review para me relembrar do que era. Promete, certo?

Pois, realmente não prometeu muito. Eu sei que ando virada a ler chick lit, mas mesmo assim alguns padrões de qualidade são necessários. A dupla motoqueiro tatuado/menina inocente e virgem é um cliché chato e que não me interessa minimamente. Se juntarmos a isso uns longos cabelos (dele) e uma ingenuidade gritante (dela), e um amor que mais que à primeira vista foi aos primeiros fumos de combustível, percebem que não tenha ficado fascinada.

Acabei por dar duas estrelas no Goodreads por duas razões. A escrita era boa e escorreita, e os beijos (sempre o meu calcanhar de aquiles nestes livros) eram bem bons. Tirando isso, o meu conselho é para não perderem o vosso tempo. Primeiro livro que li desta autora, que felizmente não me fez desistir dela, porque o que li a seguir… falarei noutra altura.

Até lá, Boas Leituras!

Goodreads Review

Disclaimer: While I’m writting this it’s just been a few days since I finished this book, and already I can barely remember what it was about. I had to go and check my review on Goodreads. Great start, right?

Yeah, it does not get much better. I’m in a mood to read chick lit, and have been gulping books one after the other, but I still require some standards on my smut. The biker bad boy/inocent virgin girl was a match I was not sold with. Adding his long hair with her inexperience, and a love that more than at first sight was at first exhaustion fumes, it was just too much for me. 

I gave this 2 stars on Goodreads. One for the writting, which was clean and neat, and another for the great kissing, because I’m a sucker for good kisses. My advice is, do not waste your time on this one. This was the first book I read from Sally Thorne, and luckily it did not deter me from reading another one, because the next one I read… I will talk about on another post. 

Until then, Happy Reading!

Acabei de Ler – Dark Summit

dark summit

Keep scrolling if you prefer to read in English.

Gosto muito de ler sobre escalada em alta montanha, nomeadamente nos Himalaias. Não sei se é pelo perigo que existe em subir picos acima dos 8 mil metros, se pelas histórias de superação, sei que desde que li Into Thin Air do Jon Krakaeur que fiquei absolutamente viciada neste tipo de literatura muito específica. E de vez em quando, quando não sei bem o que ler a seguir porque nada me enche as medidas, lá volto eu aos picos do mundo. E foi isso que aconteceu mais uma vez.

1996 foi o pior ano em termos de mortes em subida ao Everest. 10 anos depois, 2006 estava prestes a tornar-se igualmente mortífero, o que acabou por não acontecer graças a uma recuperação miraculosa de um dos escaladores. Mas mais que o número de mortes, 2006 levantou muitas questões acerca da solidariedade (ou falta dela) entre estes montanhistas.

David Sharp era um jovem inglês com muita experiência em montanha, mas que ainda não tinha chegado ao topo do Everest, apesar de já ter tentado. 2006 ia, presumivelmente, ser a sua última tentativa, porque aproximava-se uma mudança de vida. Em vez de se juntar a uma empresa que organiza estas expedições em larga escala, e com muito apoio, resolveu ir de um modo mais independente, e juntar-se a uma expedição low cost, que custava menos porque proporcionava pouco mais que a licença de subida e transporte até ao campo base.

David Sharp escalou sozinho, e acabou por morrer na montanha, por exaustão. Esse facto não é estranho, acontece todos os anos. O que foi diferente é que dezenas de outros escaladores passaram por ele e, por diversos motivos, não lhe prestaram ajuda. Nick Heil investigou o que se passou e o resultado é apresentado neste livro. Mas aqui conta-se também a história, radicalmente diferente, de Lincoln Hall, que após ter sido dado como morto, conseguiu recuperar o suficiente para ser resgatado da montanha. Estas duas histórias parecem duas faces da mesma moeda.

O livro é muito interessante. Começa com a história do Everest, como foi descoberto que era a montanha mais alta do mundo e o fascínio imediato que isso exerceu em muita gente. Fala-nos dos exploradores mais conhecidos que conseguiram, ou não, atingir o seu cume. Fala do desastre de 1996 como pano de fundo, e como altura em que primeiro se começou a questionar a existência de grandes empresas a levarem pessoas despreparadas ao cume. E termina com a história da época de 2006 na subida norte, a mais difícil. É inevitável termos uma opinião sobre o que aconteceu, mas na realidade sem passar por uma experiência tão perigosa e transformadora, apenas podemos especular no conforto do nosso sofá sobre se as nossas acções seriam diferentes se lá estivéssemos, quando tentar salvar uma vida pode acabar por matar todos os envolvidos.

Recomendo a todos os que gostam de ler sobre aventura, sobre viagens, escalada, montanhismo, ou apenas viver experiências diferentes através dos livros. Eu comecei já a procurar o livro do João Garcia, porque gostava de ler uma perspectiva portuguesa sobre o assunto.

Até lá, Boas Leituras!

Goodreads Review

I really like to read books about climbing and mountaineering, especially in the Himalayas. It might for the danger of climbing above 8000 meters, or because of all the stories of people outdoing themselves, but since I read Into Thin Air, by Jon Krakaeur I was hooked. And when I’m not sure what to read next, or I don’t want anything specific, I usually pick one of these books and go back to the highest mountains on earth. 

1996 was the worse year in death toll. 10 years later, 2006 was about to reach their record of 12 people dead in a climbong season, but a miraculous recovery by Lincoln Hall cheated the statistics. But more than the number of deaths, 2006 was controversial and opened a debate about humanity and solidarity between climbers at high altitude. 

David Sharp was a british climber with a lot of high altitude experience, but he still hadn’t summited Everest even though he had tried before. Due to a career change, 2006 was probably going to be his last atempt. He liked to climb independently, so instead of joining one of the big players in mountain climbing, he purchased the services of a smaller company, that was cheaper but provided only the mere basics, like the permit and transportation to a rudimentary base camp. After that he was on his own. 

David climbed mostly alone, and no one was really accountable for his whereabouts, so he ended up dying alone in the mountain, from exposure. That fact in itself is not strange. The strange part is that dozens of other climbers passed him by, some engaged and others didn’t, some realised he was dying, some thought he was ok, but no one tried to rescue him. When finally someone did, it was already too late. His expedition leader didn’t even realised he was missing. Nick Heil investigated what happened and gives us his account on this book. But that’s not the only story. Later in the same season Lincoln Hall was reported as dead and abandoned by his teamates, only to be found alive on the following day, and recovered enough to return to camp on his feet. These two stories feel like different sides of the same coin. 

This book was very interesting. It paints an historical background of Everest, with a summarised tale of the most important climbers and expeditions that tried to summit it since it was confirmed as the highest mountain on earth. It tells us about the fascination big mountains have, even for people like me that are afraid of heights. It speaks about the 1996 disaster to finally set the tone for the 2006 season, from the northeast ridge, the hardest path to the summit. It is inevitable that we have an opinion about these events, but without ever being there and understanding the toll the high mountains make on our strength and our judgement, we can only speculate from the confort of our couchs what we would have done differently. 

I recommend it to all adventurers, travellers, mountain climbers and to everyone who likes radical experiences, even if only through books. Meanwhile I’m looking for João Garcia‘s book, to get a portuguese perspective as well. 

Until then, Happy Reading!

Prémio Camões 2021 Foi Para Paulina Chiziane

Paulina Chiziane

No passado dia 20 de Outubro foi anunciado o Prémio Camões 2021 que foi para a escritora moçambicana Paulina Chiziane. Apenas li um livro dela até ao momento, Niketche, uma história de poligamia, e gostei mesmo muito. Fiquei com esta escritora no radar para ler mais coisas dela, mas infelizmente até hoje ainda não aconteceu.

O seu primeiro romance, Balada de Amor ao Vento, escrito em 1990, foi também o primeiro romance escrito por uma mulher moçambicana. Questões do papel da mulher e do feminismo são muito presentes na sua obra, principalmente na sua realidade moçambicana.

Creio que este prémio Camões pode vir dar um novo alento para eu pegar noutros livros dela, e espero que isto lhe traga mais visibilidade junto do grande público, mais que merecida.

Acabei de Ler – A Million Junes

million junes

Keep scrolling if you prefer to read in English.

Descobri recentemente esta autora, quando li dois romances divertidos dela, Beach Read e People We Meet on Vacation. Ambos foram leituras leves e divertidas, que era mesmo o que me apetecia, por isso resolvi pegar noutro aleatoriamente.

Fiquei surpreendida quando me apercebi que era um livro mais jovem adulto (YA), que não é tanto a minha praia, mas resolvi não desistir. Acabei por gostar bastante.

A história pode ser descrita como Romeu e Julieta com toques de magia. Dois jovens, de famílias que se odeiam mutuamente há gerações, conhecem-se e apaixonam-se, contra a vontade de todos os que os rodeiam. June e Saul vão tentar vencer as adversidades, que vêm não só do que os rodeia, mas também dum mundo sobrenatural, e quando o fazem acabam por desvendar a história das suas famílias e do feudo entre elas.

Apesar de ser mais juvenil do que eu estava à espera, Emily Henry é uma grande contadora de histórias e conseguiu manter-me interessada durante todo o livro. O realismo mágico conferiu-lhe um toque de fantasia que me agradou bastante, e acabou por ser uma boa companhia nos 2 dias que o demorei a ler.

Recomendo a todos os fãs da autora, e a quem goste de histórias bonitas, suaves e bem contadas.

Boas Leituras!

Goodreads Review

I’ve found out about this author a few months ago, mainly via Booktube. I’ve read two great books from her Beach Read and People We Meet on Vacation. They were both lighthearted and fun and I was in a mood for such a book, so I randomly picked this one up.

My first surprise is that it was YA, which I don’t usually read as much. But I decided to persevere and ended up liking it a lot. 

The story is loosely based on Romeo and Juliet with some hints of supernatural. Two young people, from two families that have hated each other for generations, met and fell in love against everything and everyone. June and Saul will try to bit the odds and stay together, despite the adversities both from our world and the one beyond. While they do it, they will shed light on both families’ history, and the real reason they are at odds with each other.

Even though it was not quite what I was expecting, Emily Henry is a great story teller and I was glued to the story beggining to end. The magical realism lended it a nice fantasy touch that I quite liked, and I was highly entertained durring the 2 days it took me to read this. 

I recommend it to all Emily Henry’s fans, but also to everyone who enjoys a sweet story well told. 

Happy Reading!

Não tenho pressa. Pressa de quê?

 

fernando-pessoa

Não têm pressa o sol e a lua: estão certos.

Ter pressa é crer que a gente passa adiante das pernas,

Ou que, dando um pulo, salta por cima da sombra.

Não; não sei ter pressa.

Se estendo o braço, chego exactamente aonde o meu braço chega —

Nem um centímetro mais longe.

Toco só onde toco, não aonde penso.

Só me posso sentar aonde estou.

E isto faz rir como todas as verdades absolutamente verdadeiras,

Mas o que faz rir a valer é que nós pensamos sempre noutra coisa,

E vivemos vadios da nossa realidade.

E estamos sempre fora dela porque estamos aqui.

Alberto Caeiro, Poemas Inconjuntos

Acabei de Ler – The Spanish Love Deception

spanish love deception

Keep scrolling if you prefer to read in English.

Quando estou com a cabeça mais cansada, ou sem grandes ideias do que ler a seguir, há duas coisas em que me refugio. Ou um Poirot, ou um romance descomplicado. Como os Poirots estão perigosamente a chegar ao fim, e nos vídeos de Youtube que tenho visto há recomendações aos molhos de romances, optei por esta via. E foi assim que cheguei a este livro, publicado no ínicio deste ano por uma autora espanhola. Provavelmente não será publicado em Portugal, mas para quem consegue ler em inglês e gosta de romances, este livro é uma boa aposta.

Catalina Martín mudou-se de Espanha para Nova Iorque depois dum namoro que não terminou bem, e conseguiu emprego numa empresa de projectos de engenharia. Adaptou-se bem e é querida por todos os seus colegas. Mais tarde chega Aaron, também engenheiro, que vai também liderar uma equipa de projectos. Por muitas razões eles não conseguem entender-se e passaram os dois últimos anos a alimentar uma inimizade.

Mas Catalina precisa de um par para o casamento da irmã em Espanha, e não um par qualquer. Alguém que esteja disposto a fazer-se passar por seu namorado. Obviamente que Aaron é quem se oferece e depois o resto é história.

Muita história, demasiada história. O livro está bem escrito, os personagens são bons, o romance é convincente. Mas é tudo demasiado longo. E por mim, depois do casamento em Espanha tinha ficado tudo resolvido, e íamos todos à nossa vida, mas ainda houve quase 60 páginas um bocadinho irrelevantes. Ainda deixo passar o facto de toda a gente perceber que ele a amava desde a primeira página, coisa que ela só descobre (muito) mais tarde, mas já é premissa destes romances que mesmo que as protagonistas sejam mulheres inteligentes, engenheiras e tudo, no amor é como se ainda andassem no jardim infantil e não percebessem as dicas mais óbvias. Mas, a quem nunca aconteceu o mesmo que atire a primeira pedra! E claramente o objectivo destes livros não é serem analisados como se fossem a Anna Karenina, mas sim proporcionar-nos umas horas (cerca de 6 a acreditar no meu Kindle) bem passadas e entretidas. E isso posso atestar, foram 6h muito bem passadas e divertidas, por isso posso recomendar este livro a quem goste do género.

Até ao próximo, Boas Leituras!

Goodreads Review

When I’m feeling tired or in a reading slump, there are 2 things that I turn too. Either a Poirot novel, or a light romance. As I am reaching the end of the Poirot series, I’m reluctant to pick them up and be left with none. On the other hand, by watching Booktube videos I get plenty of romance recommendations, that I use in just these ocasions. And this is how I got to this book, that was published this year but is unlikely that it will be translated to Portuguese. 

Catalina Martín, our protagonist, moved from Spain to New York after a failed relationship that affected her work. She comes to work on a engineering firm, where she is a team manager. Aaron comes later to also manage a team, and for many reasons they become enemies and spent the last 2 years battling each other. 

Catalina’s sister is now getting married, in Spain, and she urgently needs a date, after telling her family she would bring her boyfriend. Surprisingly, Aaron volunteers and the rest is history. 

A lot of history, maybe too much history. The book is well written, the story is cohesive and entertaining, and the characters are good, but its too long, too much of a slow burner. In my view, we could have wrapped it up after the wedding in Spain, with an epilogue, but we still had 60 something pages more of nothing interesting. Plus, from page one we all know that Aaron loves Catalina, but for some reason the lead ladies in these books, despite being engineers or something equally smart, when it comes to love matters they behave like kindergartens, but this is expected in these types of books. Happens to the best of us. 

Still, the purpose of this books is not to be analized as if they were Anna Kanenina, but to be enjoyable and entertaining, and this book hit all the marks. For 6h, give or take, I enjoyed myself and I can recommend this book to everyone that wants to read a good and funny story. 

Until the next one, Happy Reading!

Uma Vida Esquecida

Antonio Maria Lisboa

Para o Fernando Alves dos Santos

Eu conheço o vidro franja por franja

meticulosamente

à porta parado um homem oco

franja por franja no espaço

meticulosamente oco uma porta parada.

Um relógio dá dez badaladas ininterruptamente

dez badaladas por brincadeira dança

um homem com pernas de mulher

e um olhar devasso no Marte

passo por passo uma criança chora

uma águia e um vampiro recuados no tempo.

António Maria Lisboa

Acabei de Ler – O Banqueiro Anarquista

banqueiro anarquista

Ando numa fase estranha em que ando cheia de vontade de ler, mas depois parece que nenhum livro me enche as medidas. Cada livro que começo, só me apetece acabar rápido para passar para o próximo. Acho que o facto de ter algumas centenas de livros no Kindle me faz ficar um bocadinho assoberbada. Por isso, e depois de um dia a “folhear” os títulos que tinha, acabei por escolher um livro unicamente pelo facto de ser tão pequeno que iria ler depressa.

E assim foi, as 66 páginas do Banqueiro Anarquista passaram num instante, se bem que não demasiado depressa, porque é um livro que obriga a pensar. Na realidade é um exercício de argumentação, em que um rico banqueiro consegue provar (por a mais b, como se costuma dizer) que ele é na realidade o único verdadeiro anarquista praticante.

Não temos aqui um panfleto anarquista, nem uma reflexão sobre a teoria do anarquismo. Temos simplesmente um exercício de lógica e argumentação que nos mostram que qualquer causa pode ser defendida, ou qualquer argumento pode ser provado, se tivermos a capacidade de articulação para tal. Fez-me lembrar muitas coisas que andam por aí a circular, em que se defende muitas inverdades com argumentos tão aparentemente sólidos que conseguem convencer muita gente.

Um livro relevante e actual, que foi um prazer ler.

Boas Leituras!

Goodreads Review