Ainda há tão pouco tempo vos vim mostrar as nomeadas do Women’s Prize for Non-Fiction, e já vos venho mostrar as nomeadas para o Women’s Prize for Fiction. Isto são só novidades, e livros a acrescentar à eternamente crescente “lista de livros para ler” porque ainda por cima estes jurados fazem listas muito grandes. Mas claramente compensa, tendo em conta que o ano passado acabei por ler o brilhantíssimo Pod, e o também muito bom “I’m a Fan”. Como sempre, dei uma olhada às sinopses de todos os livros, e venho aqui partilhar as minhas impressões.
Hangman de Maya Binyam – Livro de estreia desta autora, retrata o regresso dum homem afro-americano ao seu país natal, depois de ter vivido 26 anos nos Estados Unidos. As dificuldades que vai encontrar na busca do seu irmão de sangue, e a jornada que vai encetar para se reencontrar consigo próprio. Promissor, tem 3.85 no Goodreads.
In Defence of the Act de Effie Black – Mais uma livro de estreia, desta vez duma autora inglesa com formação em ciências. O acto que se fala neste título é o acto de cometer suicídio, e o modo como a protagonista o defende, até algumas circunstâncias diferentes se passarem na sua vida. O que mais me intriga neste livro, é como é que se vai falar dele nas redes sociais livrólicas, já que suicídio é uma das palavras com que o puritanismo/higienismo destas redes implica, prejudicando o algoritmo de quem a utiliza, e consequentemente a sua possibilidade de monetizar os posts (a quantidade de gente a usar a palavra unalive é assustadora e enervante). Só por isso, já é um livro que intriga. Tem 4.44 no Goodreads, o que é muito promissor.
And Then She Fell de Alicia Elliott – uma espécie de thriller de terror sobre uma mulher nativa americana que acabou de dar à luz, e que vive num bairro fino de Toronto. Após a morte da sua própria mãe começa a entrar numa espiral de desespero, que não é ajudada pelo comportamento estranho dos seus vizinhos. Por ser um livro de horror, à partida não me cativaria muito, mas na realidade até tenho lido bastantes do género ultimamente. Por isso até pode ser que venha a ler este. Com 3.98 no Goodreads, tudo é possível.
The Wren, The Wren de Anne Enright – um livro de prosa sobre um poeta irlandês e o impacto das suas acções em três gerações de mulheres, a sua mulher, as suas filhas e a sua neta. Uma espécie de prosa poética sobre abandono, identidade, herança cultural e emocional. Esta autora já ganhou um Booker Prize com um dos seus livros anteriores, por isso este promete. 3.62 no Goodreads.
The Maiden de Kate Foster – uma ficção histórica baseada em factos verídicos que se passaram na Escócia em 1679, mas agora com um twist feminista, para dar voz às mulheres que foram ignoradas pela História. Mesmo o tipo de coisa que não me puxa nada, não sou muito fã de ficção histórica, mas tem 4.16 no Goodreads. Se alguém ler e gostar que me avise.
Brotherless Night de V.V. Ganeshananthan – Mais uma ficção histórica, mas esta passada em 1981 no Sri Lanka, o que é muito mais o meu estilo. A luta duma jovem de 16 anos para cumprir o seu sonho de se tornar médica, num país que está a ser devastado por uma guerra civil, na qual todos os seus irmãos estão envolvidos. As dificuldades que encontra, e as atrocidades que testemunha, vão mudá-la para sempre. 4.45 no Goodreads, um bom candidato às minhas listas de leitura.
Restless Dolly Maunder de Kate Grenville – a história duma mulher de Nova Gales do Sul no final do século XIX, que não se conforma com os limites impostos às escolhas das mulheres, e que vai lutar para viver a sua vida exactamente como a quer viver. Baseado na vida da avó desta autora australiana, tem 4.18 no Goodreads, e algum potencial.
Enter Ghost de Isabella Hammad – Este livro tem 4.09 Goodreads e é sobre uma actriz que regressa à Palestina e acaba por ser envolvida numa produção de Hamlet. mas, independentemente de tudo isto, a personagem principal chama-se Sonia e só isso já faz valer a pena ler este livro.
Soldier Sailor de Claire Kilroy – mais um livro que retrata a experiência da maternidade, parece haver bastantes neste tema ultimamente. Claire Kilroy é uma escritora irlandesa, e a linguagem parece bastante poética. 4.17 no Goodreads.
8 Lives of a Century-Old Trickster de Mirinae Lee – mais um livro de estreia, desta vez sobre a experiência coreana de viver na fronteira entre as duas Coreias. A personagem principal é inspirada na tia-avó da autora, que escapou da Coreia do Norte, e nos sacrifícios que isso implicou. Pareceu-me bastante interessante, tem 4.0 no Goodreads.
The Blue, Beautiful World de Karen Lord – um livro de ficção cientifica que tem opiniões divididas, mas que na generalidade tem uma recepção morna. Pessoalmente não me pareceu muito apelativo. Tem 3.29 no Goodreads.
Western Lane de Chetna Maroo – Primeiro livro desta autora que nos conta a história duma menina de 11 anos que se dedica ao squash após a morte da mãe, de forma a sentir-se mais perto do seu pai. Já foi finalista do Booker Prize o ano passado. 3.55 no Goodreads, não me despertou muito a atenção.
Nightbloom de Peace Adzo Medie – uma história sobre o poder da amizade feminina, neste caso entre duas jovens primas no Gana, e como a sua amizade evolui ao longo das suas vidas. Tem potencial para ser engraçado, 3.99 no Goodreads.
Ordinary Human Failings de Megan Nolan – a história de um jornalista pedante que descobre uma história sobre uns pais de alta sociedade que perderam um filme, e suspeita-se que os culpados sejam uma família de imigrantes irlandeses. Parece-me uma temática actual, e tem muito potencial. 3.85 no Goodreads.
River East, River West de Aube Rey Lescure – mais um livro de estreia nesta lista, desta vez sobre a realidade chinesa moderna. Uma história de crescimento e drama familiar, e sobre imigração no sentido contrário. 4.11 no Goodreads.
A Trace of Sun by Pam Williams – uma mãe deixa o filho para trás em Ceuta, para seguir o seu marido em busca de uma vida melhor em Inglaterra. Sete anos depois reunem-se, mas já são como estranhos um para o outro. Parece-me um tema que tenho dificuldade em ler, se lerem digam o que acharam. 4.50 no Goodreads é um bom prenuncio.
Temos aqui uma selecção muito rica de livros, que abrangem muitos géneros diferentes, e muitas nacionalidades e experiências variadas. É uma lista com potencial, e provavelmente com boas surpresas. Planeiam ler algum? Venham cá contar a vossa experiência, que eu partilharei a minha também.
Boas Leituras!