Acabei de Ler – Os Crimes do Verão de 1985

os crimes do verao de 1985

Aproveitando o hype que este livro está a ter um pouco por todo o Booktube português, e juntando ao facto que este ano quero efectivamente ler mais literatura portuguesa, resolvi ler este livro em Abril. Thriller não é o meu género de eleição, mas estava a apetecer-me uma coisa que me permitisse passar as páginas rapidamente, e este pareceu uma boa aposta.

Este livro é passado na ilha do Poço Negro, uma ilha ficcional ao largo de Lisboa, onde em 1985 desapareceram 2 crianças e a sua babysitter numa noite de tempestade. É também a ilha natal de Ademar Leal, um jornalista muito famoso, furioso investigador da verdade a qualquer custo, e que começou a sua carreira a cobrir este acontecimento trágico que assolou a sua ilha. Mas agora, 27 anos depois, novas pistas aparecem, e há novamente movimento no caso. Será que as crianças ainda estão vivas? O que será que realmente aconteceu?

Não costumo ler thrillers portugueses, como disse, porque acho que normalmente os autores portugueses não dominam este género. No entanto, fiquei muito surpreendida com este livro. A acção corre a um ritmo muito bom, sem paragens aborrecidas mas sem uma vertigem que nos faça perder o fio à meada. As voltas da história fazem todas sentido, e encaixam bem umas nas outras, os personagens são interessantes e queremos saber o que lhes acontece. Foi um livro que me deu muito prazer ler, e que de algum modo reacendeu a minha vontade de ler em 2024. Só por isso já valeu muito a pena.

Só não foi uma leitura de 5 estrelas por alguns pormenores que achei menos bem conseguidos (que não vou falar aqui porque são spoilers), e o final fica um bocadinho aquém da mestria do resto do enredo, mas confesso que essa é uma das razões pelas quais eu normalmente não leio thrillers, porque o final me desilude sempre um bocadinho. Eu culpo a Agatha Christie, que me habituou mal na juventude, com finais sempre surpreendentes e bem conseguidos.

De qualquer modo, dei o meu tempo por muito bem empregue. Estava mesmo investida na história e queria saber o que aconteceu à Beatriz. Recomendo não só a quem gosta de thrillers, mas também a quem quer diversificar a leitura de autores portugueses. Vão gostar.

Rumo ao próximo. Até lá, Boas Leituras!

Goodreads Review

Acabei de Ler – The Heart Is a Lonely Hunter

the heart is a lonely hunter

Keep scrolling if you prefer to read in English.

Já tinha ouvido falar deste livro muitas vezes, em muitos dos canais que sigo, e sempre fiquei fascinada pelo título. Por algum motivo foi agora que lhe resolvi pegar, finalmente. Como quase sempre, não li sinopse, nem nada sobre o livro, mas neste caso isso não jogou muito a meu favor. Por ter chegado a ele por redes sociais, sempre focadas no imediato, assumi que era um livro contemporâneo. Quando comecei a ler, percebi que era passado nos anos 40 do século passado, no interior sul dos Estados Unidos, pensei que era ficção histórica. Quando terminei e fui finalmente ler alguma coisa sobre o livro e a autora, percebi que tinha sido escrito em 1940, e de algum modo este pormenor faz toda a diferença, e já explicarei porquê.

Como já disse, o livro passa-se numa cidade rural e empobrecida do sul dos Estados Unidos, no início da Segunda Guerra Mundial. O personagem principal é Mr. Singer, um mudo que usa as mãos para comunicar com o seu melhor amigo e companheiro de casa também mudo, Antonapoulos.  Quando o amigo parte para ser institucionalizado a pedido da família, Mr. Singer torna-se extremamente solitário, e acaba por atrair a si 4 pessoas muito diferentes. O dono de um café local (Biff Brannon), uma jovem com cerca de 13 anos (Mick Kelly), um mecânico migrante, violento e activista social (Jake Kelly) e um médico negro (Dr. Copeland). Estes quatro personagens quase não interagem entre si, mas todos gravitam em torno do mudo, que é o perfeito ouvinte. Nele projectam as melhores qualidades, e nele depositam toda a esperança. Simultaneamente, Mr. Singer vive na esperança de conseguir voltar a viver com o seu melhor amigo. Com Antonapolous Singer comunicava fervorosamente, as mãos velozes a construir palavras e frases, partilhando o dia a dia, e desde que ele partiu, as mãos teimam em não sair dos bolsos.

Todas estas vidas são profundamente tristes, e de algum modo todos falham os seus maiores sonhos, por vezes de maneira espectacular. A trama não é muito intensa, mas as emoções e a construção social que se percebe nesta narrativa é muito poderosa. Demorei quase um mês a ler este livro, saboreando devagar o desenrolar destas tramas. Apesar de ser triste e de algum modo desesperante, não é um livro depressivo. O facto de saber que foi escrito em 1940, mostra que a autora tinha um grande discernimento e capacidade de análise da realidade que a rodeava, que tinha interesse nas desigualdades sociais, numa altura em que isso era ainda mais difícil, e fez com que eu respeitasse ainda mais a visão da obra.

Recomendo a todos os que gostam de boa literatura, daquela que nos desafia e nos obriga a pensar no que nos rodeia.

Rumo ao próximo, até lá Boas Leituras!

Goodreads Review

I’ve see many people talk about this book in many of the social media channels I follow, and I was always fascinated by the title. For some reason, I decided now was the time to pick it up. I read nothing about it, as I usually do, but this time maybe I should have, for context. As I knew about it through social media, I assumed it was a contemporary book. When I started reading and realised it was set in the USA Deep South, in the early 1940’s, I assumed it was historical fiction. When I finally finished it and started researching about the author, I finally understood it had been written in 1940, and somehow that detail made all the difference.

As I said before, the book is set in a rural and impoverished area of the south of the USA, in the beginning of WWII. The main character is Mr. Singer, a mute that uses his hands to communicate with his roommate and best friend also mute, Antonapoulos. When he leaves to be institutionalised, as per his family request, Mr. Singer turns into a very lonely man, towards whom 4 very different people will gravitate. Biff Brannon, owner of the local dinner, Mick Kelly, a young girl with 13 years old, Jake Kelly, a migrant mechanic, social activist prone to violence and Dr. Copeland, a black doctor, widowed and estranged from his children. These characters interact mostly with Mr. Singer, who is the perfect listener and to whom they project the best human traits, and all their hopes. Simultaneously, Singer lives in the hope of being reunited with his best friend, Antonapoulos, with whom he communicated fervently, his hands fast constructing sentences and conversations. Same hands that he has kept in his pockets ever since his friend’s departure.

All these lives are profoundly sad, and in some way they all fail in achieving their lives’ goals, sometimes in a spectacular way. The plot is not very complex, but the emotions and social commentary that we can perceive in this narrative is very powerful. It took me almost an entire month to finish this book, slowly appreciating the story unfold. Despite being sad, somewhat disheartening, it is not a depressive book. Knowing it was written in 1940 shows that the author had a very keen eye for social analysis, was interested in the social inequalities in a time when that was not the norm, and made me respect this work so much more.

I recommend it to everyone that loves good literature, the kind that challenges and makes us think about the world around us.

On to the next. Happy Reading!

Finalistas do International Booker 2024

international booker 2024 shortlist

Foi anunciada no passado dia 9 de Abril a lista de finalistas ao International Booker Prize 2024, que premeia autores traduzidos para inglês nos últimos 12 meses.

Ainda não tive oportunidade de me debruçar muito sobre esta lista, porque como já disse aqui mil vezes, tenho andado em modo de poucas leituras, mas tendencialmente tenho retirado desta lista em anos anteriores muitas leituras boas. Por isso aqui deixo os finalistas, e devo dizer que há alguns que queria mesmo ler, e já estão no meu Kindle.

  • Not a River de Selva Almada, traduzido por Annie McDermott – Selva Almada, não só tem um nome fenomenal, como é uma escritora de renome na sua Argentina Natal, e no mundo latino-americano em geral. Este livro foi agora traduzido para inglês e conta uma daquelas histórias-não-histórias, que contam pela interação entre as personagens e pelo ambiente, mais que pelo desenrolar da acção. Neste caso, a interação entre dois homens e um adolescente que vão pescar para uma ilha e acabam por alienar a população local com as suas atitudes. 4.01 no Goodreads e 104 páginas. Entretanto o Jack Edwards, aka o rei do booktube, não achou este livro fascinante, por isso o meu entusiasmo esmoreceu um bocadinho.
  • Kairos de Jenny Erpenbeck, traduzido por Michael Hofmann – autora alemã, traz-nos uma história de amor que começa em Berlim Oriental algures nos anos 80 do século passado. A sua evolução complicada vai espelhar o declínio da Alemanha de Leste, e a adaptação a um mundo completamente diferente. 3.54 no Goodreads, com algumas críticas mornas e  379 páginas que também não ajudam. Mas tenho visto boas reações a este livro, e algumas más reações que mesmo assim espicaçaram a minha curiosidade, por isso já está no meu kindle.
  • Mater 2-10 de Hwang Sok-yong, traduzido por Sora Kim-Russell e Youngjae Josephine Bae – uma ficção épica, transgeracional sul-coreana, que atravessa um século de história, até chegar ao século XXI, e se foca em trabalhadores dos caminhos de ferro e de uma fábrica. Parece ser bastante interessante, mas grandito (486 páginas). 3.89 no Goodreads.
  • What I’d Rather Not Think About de Jente Posthuma, traduzido por Sarah Timmer Harvey – a narradora desta história tem um irmão gémeo que na idade adulta decide pôr termo à vida. A irmã que fica vai contar a sua história, através da sua perspectiva, de alguém que está a sofrer e zangada ao mesmo tempo. Parece-me muito interessante, principalmente porque não foi escrito dum modo pesado. 224 páginas e 3.84 no Goodreads, parece-me um bom candidato.
  • The Details de Ia Genberg, traduzido por Kira Josefsson – autora sueca que nos trás as memórias duma mulher febril, e a história das 4 pessoas que mais impactaram a sua vida. Com apenas 112 páginas, tem potencial para ser uma pequena pérola. 3.91 no Goodreads.  
  • Crooked Plow de Itamar Vieira Junior, traduzido por Johnny Lorenz – Torto Arado, dum autor brasileiro, não preciso obviamente de ler a tradução e já anda no meu radar há bastante tempo. A história de duas irmãs descendentes duma familia que trabalha nos campos há muitas gerações, e que têm uma visão de vida completamente diferente. 280 páginas e 4.54 no Goodreads, o que é impressionante.

Já leram algum? Está algum na vossa lista de livros a ler? Digam-me de vossa justiça.

Boas Leituras!

Acabei de Ler – Pucking Around

pucking around

Keep scrolling if you prefer to read in English.

Parece impossível eu fazer 3 posts quase seguidos sobre belíssimas listas literárias com livros upa upa, e vir aqui falar dum romançolas logo de seguida. Mas a vida é mesmo assim, e terminei este menino há muitas semanas atrás, mas nem sabia bem como vir aqui falar dele.

Esta autora é muito prolífica a escrever romance, desde fantasia a romance histórico, e enveredou também pela loucura dos romances com desportistas, no caso deste livro o hóquei. Não tenho nada contra a modalidade, e confesso que foi a parte mais engraçada do livro. Rachel é a nossa personagem principal, é fisioterapeuta especializada em lesões desportivas, e vai fazer um estágio numa recém-formada equipa de hóquei. Lá chegada, descobre que um dos jogadores (Jake) foi um tipo com quem passou uma noite há dois meses atrás, mas que acha que é a sua alma gémea (já aqui tinha dito o quanto eu não gosto desta trope de instalove? Creio que sim, mas este livro é o exemplo perfeito do porquê). Mais uma vez, expliquem-me como é que se desconfia que alguém é a nossa alma gémea só por se passar uma noite? Quando se reencontram, as coisas retomam mais ou menos onde tinham ficado. Mas parece que sabia a pouco, e vai daí que se adiciona o melhor amigo do Jake, o Caleb, para apimentar a coisa. E quando eles estão caidinhos por ela, ela decide que afinal ainda tem um ratinho, e resolve acrescentar mais um gigante finlandês à equação. Depois disto o resto do livro é só uma tentativa de conseguir todas as permutações possíveis com este conjunto de pessoas, com descrições longuíssimas de ramboia. Nada contra, mas faltava tudo o resto para fazer disto um livro suportável. O que me chateou mais foi a personagem principal não fazer sentido nenhum nas suas decisões, diálogos, monólogos internos.

Acho que a pergunta mais relevante que se pode fazer é: considerando que este bicho tem quase 800 páginas, porque raio é que não desisti a meio? Em minha defesa, as cenas de sexo são lidas muito na diagonal, o que retira logo 2/3 das páginas. Mesmo assim acho que só perseverei, porque como tenho dito por aqui não tenho tido cabeça para livros mais sérios.

Não recomendo a ninguém, a história é quase infantil, a personagem principal é desesperante, e como disse anteriormente, só se salvaram algumas descrições dos jogos que hóquei. Se forem como eu, não resistem a ir ler, porque eu peguei neste livro depois de ver uma péssima review do Jack Edwards, o rapazinho do Youtube que tem um gosto parecido com o meu.

Espero que as próximas leituras sejam melhores e mais interessantes. Boas Leituras!

Goodreads Review

It seems impossible that I just made 3 posts with some really good award deserving longlists, and after that I come here to review a hockey romance. But that’s life around here. I finished this bad boy a few weeks ago, and I almost didn’t know what to say about it.

This is a very prolific romance author, from fantasy to regency and also the sports romances, namely the new craze of hockey romance. I have nothing against this sport, and the game descriptions were actually the best part of this book, in my humble opinion. Rachel, the main character, is a physical therapist, specialized in sports. She earns an internship in a newly formed hockey team, and this is the starting point for this story. When she gets there, she finds out the one night stand she had 2 months before is actually one of the players (Jake). This comes in handy, as she felt he was her soulmate, and was missing him. Have I told you recently how much I hate the instalove trope? I’m sure I did, but books like this one are the main reason for it. How can you decide that someone is your soulmate after one night, regardless of how incredible the sex was? Anyway, once they get reacquainted, they pick up where they left off, and go from there. But Rachel is not satisfied, and decides to add Caleb, Jake’s best friend, to the mix. But she is still missing just a little something, so she decides to throw in as well Mars, a giant Finnish goalie. After this the book is just a series of permutations between all four of them, in all combinations possible (and some that I found really unlikely, but hey, I’m not that athletic, maybe they are possible). Nothing against some spice, but this was all there was. The book lacked a strong story, the characters motivations and dialogues made no sense, and the main character was super annoying.

The relevant question here is: considering this book is almost 800 pages long, why did I keep on reading it? In my defence, 2/3 of the book was spice, and I just skimmed through those pages. But I think I lacked concentration and focus to read something more serious, so I stuck with this even though I was not really enjoying it.

I don’t recommend this book to anyone, the story is childish, at best. But if you are even a bbit like me, you will end up reading it. I picked it up after seeing this terrible review from Jack Edwards, the young British guy that has a book taste similar to mine.

I hope my next reads are better. Happy Reading!

Nomeados do International Booker Prize

Booker International 2024

E assim de rajada temos três listas de nomeados, só para me darem mais títulos para acrescentar à minha já longuíssima lista de livros que quero ler. Desta vez mais um prémio que me tem dado muitas alegrias, na forma de bons momentos passados a ler (o ano passado lembro-me por exemplo do Boulder). Mais comedidos que as juradas do Women’s Prize, aqui temos “só” 13 títulos por onde fazer a nossa selecção. Já sabem o que acontece, eu vou ler sinopses para vocês não terem que o fazer.

As minhas impressões seguem abaixo.

  • Not a River de Selva Almada, traduzido por Annie McDermott – Selva Almada, não só tem um nome fenomenal, como é uma escritora de renome na sua Argentina Natal, e no mundo latino-americano em geral. Este livro foi agora traduzido para inglês e conta uma daquelas histórias-não-histórias, que contam pela interação entre as personagens e pelo ambiente, mais que pelo desenrolar da acção. Neste caso, a interação entre dois homens e um adolescente que vão pescar para uma ilha e acabam por alienar a população local com as suas atitudes. 4.03 no Goodreads e 104 páginas.
  • Simpatía de Rodrigo Blanco Calderón, traduzido por Noel Hernández González e Daniel Hahn – escritor venezuelano com um livro de ficção que se passa na Venezuela de Nicolas Maduro, em que há um exodo maciço de pessoas, que deixam para trás os seus animais de estimação. Este é o ponto de partida para Ulises, o protagonista, ser incumbido com a missão de construir um abrigo para cães. Parece-me uma premissa diferente e engraçada, vou ficar de olho. 3.88 no Goodreads, e 272 páginas, este livro já foi traduzido para português pela Alfaguara.
  • Kairos de Jenny Erpenbeck, traduzido por Michael Hofmann – autora alemã, traz-nos uma história de amor que começa em Berlim Oriental algures nos anos 80 do século passado. A sua evolução complicada vai espelhar o declínio da Alemanha de Leste, e a adaptação a um mundo completamente diferente. 3.54 no Goodreads, com algumas críticas mornas, acho que não vai ser dos meus prioritários. As 379 páginas também não ajudam.
  • White Nights de Urszula Honek, traduzido por Kate Webster – este é o primeiro romance desta jovem poetisa polaca, e na realidade não é bem um romance, mas um conjunto de 13 histórias interligadas, sobre um grupo de pessoas que cresceu e vive na mesma zona do sul da Polónia. Mais um livro pequeno, com apenas 160 páginas, e que me parece muito interessante. Gosto sempre de ler poetas que se aventuram na prosa. Tem 3.81 no Goodreads.
  • A Dictator Calls de Ismail Kadare, traduzido por John Hodgson – em Junho de 1934 Stalin fez alegadamente uma chamada telefónica para Boris Pasternak (autor do livro Dr. Jivago), e a partir daqui desenrola-se um mistério ao género de true crime. Parece-me daqueles que tanto pode ser muito bom, como muito mau, mas despertou-me curiosidade. No entanto, apenas 3.30 no Goodreads e criticas muito mornas ao livro deste autor albanês. Não será dos meus prioritários a ler, apesar de ter apenas umas simpáticas 256 páginas.
  • The Silver Bone de Andrey Kurkov, traduzido por Boris Dralyuk – Andrey Kurkov é um autor russo/ucraniano que já foi nomeado para o International Booker Prize o ano passado com Jimi Hendrix Live in Lviv, e repete este ano com este thriller passado no início do século XX, e que parece ser o início duma série com o mesmo investigador. Tem 3.52 no Goodreads, e 305 páginas. Apesar de ser a segunda nomeação, ainda não me entusiasmei por ler nada deste autor.
  • What I’d Rather Not Think About de Jente Posthuma, traduzido por Sarah Timmer Harvey – a narradora desta história tem um irmão gémeo que na idade adulta decide pôr termo à vida. A irmã que fica vai contar a sua história, através da sua perspectiva, de alguém que está a sofrer e zangada ao mesmo tempo. Parece-me muito interessante, principalmente porque não foi escrito dum modo pesado. 224 páginas e 3.84 no Goodreads, parece-me um bom candidato.
  • Crooked Plow de Itamar Vieira Junior, traduzido por Johnny Lorenz – Torto Arado, dum autor brasileiro, não preciso obviamente de ler a tradução e já anda no meu radar há bastante tempo. A história de duas irmãs descendentes duma familia que trabalha nos campos há muitas gerações, e que têm uma visão de vida completamente diferente. 280 páginas e 4.54 no Goodreads, o que é impressionante.

Como quase sempre, não conhecia nenhum sem ser o brasileiro, e ainda não li nenhum deles. Mas fiquei com vontade de ler bastantes desta lista, principalmente os mais pequenotes, mas isso apenas porque ando com dificuldades de concentração em livros maiores. A impressão com que fiquei destas três listas de nomeados, é que os temas da maternidade e do suicídio apareceram bastantes vezes, o que é interessante.

Já leram algum, ou algum está nos vossos planos? Contem-me tudo. Eu virei cá dar conta dos livros que leio de todas estas listas de nomeados, tenho muito por onde escolher.

Boas Leituras!

Nomeadas Para o Women’s Prize For Fiction 2024

Anne Enright and Isabella Hammad make the Women's prize for ...

Ainda há tão pouco tempo vos vim mostrar as nomeadas do Women’s Prize for Non-Fiction, e já vos venho mostrar as nomeadas para o Women’s Prize for Fiction. Isto são só novidades, e livros a acrescentar à eternamente crescente “lista de livros para ler” porque ainda por cima estes jurados fazem listas muito grandes. Mas claramente compensa, tendo em conta que o ano passado acabei por ler o brilhantíssimo Pod, e o também muito bom “I’m a Fan”. Como sempre, dei uma olhada às sinopses de todos os livros, e venho aqui partilhar as minhas impressões.

Hangman de Maya Binyam – Livro de estreia desta autora, retrata o regresso dum homem afro-americano ao seu país natal, depois de ter vivido 26 anos nos Estados Unidos. As dificuldades que vai encontrar na busca do seu irmão de sangue, e a jornada que vai encetar para se reencontrar consigo próprio. Promissor, tem 3.85 no Goodreads.

In Defence of the Act de Effie Black – Mais uma livro de estreia, desta vez duma autora inglesa com formação em ciências. O acto que se fala neste título é o acto de cometer suicídio, e o modo como a protagonista o defende, até algumas circunstâncias diferentes se passarem na sua vida. O que mais me intriga neste livro, é como é que se vai falar dele nas redes sociais livrólicas, já que suicídio é uma das palavras com que o puritanismo/higienismo destas redes implica, prejudicando o algoritmo de quem a utiliza, e consequentemente a sua possibilidade de monetizar os posts (a quantidade de gente a usar a palavra unalive é assustadora e enervante). Só por isso, já é um livro que intriga. Tem 4.44 no Goodreads, o que é muito promissor.

And Then She Fell de Alicia Elliott – uma espécie de thriller de terror sobre uma mulher nativa americana que acabou de dar à luz, e que vive num bairro fino de Toronto. Após a morte da sua própria mãe começa a entrar numa espiral de desespero, que não é ajudada pelo comportamento estranho dos seus vizinhos. Por ser um livro  de horror, à partida não me cativaria muito, mas na realidade até tenho lido bastantes do género ultimamente. Por isso até pode ser que venha a ler este. Com 3.98 no Goodreads, tudo é possível.

The Wren, The Wren de Anne Enright – um livro de prosa sobre um poeta irlandês e o impacto das suas acções em três gerações de mulheres, a sua mulher, as suas filhas e a sua neta. Uma espécie de prosa poética sobre abandono, identidade, herança cultural e emocional. Esta autora já ganhou um Booker Prize com um dos seus livros anteriores, por isso este promete. 3.62 no Goodreads.

The Maiden de Kate Foster – uma ficção histórica baseada em factos verídicos que se passaram na Escócia em 1679, mas agora com um twist feminista, para dar voz às mulheres que foram ignoradas pela História. Mesmo o tipo de coisa que não me puxa nada, não sou muito fã de ficção histórica, mas tem 4.16 no Goodreads. Se alguém ler e gostar que me avise.

Brotherless Night de V.V. Ganeshananthan – Mais uma ficção histórica, mas esta passada em 1981 no Sri Lanka, o que é muito mais o meu estilo. A luta duma jovem de 16 anos para cumprir o seu sonho de se tornar médica, num país que está a ser devastado por uma guerra civil, na qual todos os seus irmãos estão envolvidos. As dificuldades que encontra, e as atrocidades que testemunha, vão mudá-la para sempre. 4.45 no Goodreads, um bom candidato às minhas listas de leitura.

Restless Dolly Maunder de Kate Grenville – a história duma mulher de Nova Gales do Sul no final do século XIX, que não se conforma com os limites impostos às escolhas das mulheres, e que vai lutar para viver a sua vida exactamente como a quer viver. Baseado na vida da avó desta autora australiana, tem 4.18 no Goodreads, e algum potencial.

Enter Ghost de Isabella Hammad – Este livro tem 4.09 Goodreads e é sobre uma actriz que regressa à Palestina e acaba por ser envolvida numa produção de Hamlet. mas, independentemente de tudo isto, a personagem principal chama-se Sonia e só isso já faz valer a pena ler este livro.

Soldier Sailor de Claire Kilroy – mais um livro que retrata a experiência da maternidade, parece haver bastantes neste tema ultimamente. Claire Kilroy é uma escritora irlandesa, e a linguagem parece bastante poética. 4.17 no Goodreads.

8 Lives of a Century-Old Trickster de Mirinae Lee – mais um livro de estreia, desta vez sobre a experiência coreana de viver na fronteira entre as duas Coreias. A personagem principal é inspirada na tia-avó da autora, que escapou da Coreia do Norte, e nos sacrifícios que isso implicou. Pareceu-me bastante interessante, tem 4.0 no Goodreads.

The Blue, Beautiful World de Karen Lord – um livro de ficção cientifica que tem opiniões divididas, mas que na generalidade tem uma recepção morna. Pessoalmente não me pareceu muito apelativo. Tem 3.29 no Goodreads.

Western Lane de Chetna Maroo – Primeiro livro desta autora que nos conta a história duma menina de 11 anos que se dedica ao squash após a morte da mãe, de forma a sentir-se mais perto do seu pai. Já foi finalista do Booker Prize o ano passado. 3.55 no Goodreads, não me despertou muito a atenção.

Nightbloom de Peace Adzo Medie – uma história sobre o poder da amizade feminina, neste caso entre duas jovens primas no Gana, e como a sua amizade evolui ao longo das suas vidas. Tem potencial para ser engraçado, 3.99 no Goodreads.

Ordinary Human Failings de Megan Nolan – a história de um jornalista pedante que descobre uma história sobre uns pais de alta sociedade que perderam um filme, e suspeita-se que os culpados sejam uma família de imigrantes irlandeses. Parece-me uma temática actual, e tem muito potencial. 3.85 no Goodreads.

River East, River West de Aube Rey Lescure – mais um livro de estreia nesta lista, desta vez sobre a realidade chinesa moderna. Uma história de crescimento e drama familiar, e sobre imigração no sentido contrário. 4.11 no Goodreads.

A Trace of Sun by Pam Williams – uma mãe deixa o filho para trás em Ceuta, para seguir o seu marido em busca de uma vida melhor em Inglaterra. Sete anos depois reunem-se, mas já são como estranhos um para o outro. Parece-me um tema que tenho dificuldade em ler, se lerem digam o que acharam. 4.50 no Goodreads é um bom prenuncio.

Temos aqui uma selecção muito rica de livros, que abrangem muitos géneros diferentes, e muitas nacionalidades e experiências variadas. É uma lista com potencial, e provavelmente com boas surpresas. Planeiam ler algum? Venham cá contar a vossa experiência, que eu partilharei a minha também.

Boas Leituras!

Acabei de Ler – O Guerreiro-Lobo

guerreiro-lobo

Pois assim que terminei de ler o primeiro volume da saga das pedras mágicas, tive que pegar logo neste para saber como ia ser o resto da história, já que o primeiro acaba mesmo a meio da história. O Guerreiro-Lobo do título é o nosso conhecido viking, Throst, que Cat conhecera em sonhos e visões, e que no volume anterior a salvou das garras do vilão e a levou consigo para terras do norte. Neste volume vamos ver a luta interior de Cat ao conhecer este povo que até agora ela achava que eram apenas bárbaros selvagens, sem qualquer organização ou humanidade. Mas vai ficar surpreendida quando descobre que, em muitos aspetos, são mais civilizados que na sua Ilha Grande.

Cat vai conhecer muitos aliados, e mesmo familiares, e vai saber melhor qual a sua missão. Mas vai também debater-se com inúmeros inimigos, e com todos aqueles que querem fazer perigar o seu amor por Throst. No geral, foi um livro bom e interessante, mas um bocadinho menos bom que o antecessor. Cat estava muitas vezes dividida, como seria de esperar na situação em que se encontrava, mas o seu nível de insegurança acerca das suas capacidades era por vezes desesperante. No entanto, isso foi apenas um contratempo menor, e a história fluiu bem, os personagens foram coerentes com o que se esperava deles e o final foi bastante satisfatório, com direito a epílogo e tudo. Fiquei com um sentimento de caso encerrado, apesar da história das pedras mágicas continuar em força, desta vez com os descendentes de Cat e Throst. No entanto, não fiquei com vontade de mergulhar imediatamente no próximo volume. Voltarei com certeza a esta história, mas terei que fazer uma pausa na Fantasia, como faço de costume para me dedicar a mundos mais reais.

Aconselho bastante esta saga, não só é Fantasia bem escrita (se nos conseguirmos abstrair da palavra revidar), como é de uma autora portuguesa, portanto são duas vitórias. Assim num ápice, só em Janeiro, já consegui duplicar o número de livros Pt-Pt que li o ano passado. How sad is that?

Rumo aos próximos, que 2024 ainda  vai no adro. Boas Leituras!

Goodreads Review

Acabei de Ler – A Última Feiticeira

ultima feiticeira

Não sei se se lembram do meu balanço de 2023, mas uma das coisas que reparei foi que li muito pouco de autores portugueses. Dos 50 livros que li, apenas um foi de um escritor português, mais concretamente de Saramago. Neste ano que agora corre, achei que estava na altura de tentar corrigir um pouco as coisas. Nem sei o que me levou a começar exactamente por aqui, mas já tinha ouvido falar imenso na Sandra Carvalho como sendo uma belíssima autora de fantasia, por isso resolvi que estava na altura.

Sandra Carvalho é uma escritora de Sesimbra que se focou essencialmente na fantasia épica. Este primeiro volume que li, A Última Feiticeira, se fosse escrito hoje, seria apelidado de Romantasy, porque temos uma bela história de amor entretecida nas linhas da fantasia.

Catelyn McGraw é a mais nova de seis irmãos, e única rapariga. São inseparáveis e vivem na floresta da Grande Ilha, de onde o seu pai é o governante. A mãe tem sangue dos antigos Feiticeiros, e essa herança passou para alguns dos seus filhos. Todos eles têm também consigo uma pedra que foi criada pela avó materna, uma feiticeira que abdicou da sua condição por amor a um humano, e que encapsulou o seu poder em 7 pedras de 7 cores diferentes, que foram depois distribuídas por cada um dos seus netos. Com o passar do tempo Catelyn vai-se apercebendo da extensão dos seus poderes, e de como uma maldição que paira sobre a sua família pode terminar o mundo como o conhecemos. Só ela terá os recursos para fazer frente às forças do mal, mas não sem grandes sacrifícios pessoais.

Fiquei agradavelmente surpreendida com este livro. Não ia com expectativas nenhumas, nem boas nem más, mas as minhas experiências com autores portugueses contemporâneos têm sido muito díspares nos últimos anos, por isso ia preparada para tudo. Mas na realidade esta história está muito bem pensada, e muito decentemente escrita (tenho um pet hate com a palavra revidar, que só descobri com este livro, mas que não suporto!). E sobretudo está escrita com muito ritmo, coisa que às vezes falha nas edições portuguesas. A acção sucede-se a um bom ritmo, as voltas na história fazem sentido, e conseguimos entrar na personagem, alegrarmo-nos e sofrermos com ela. As descrições da felicidade da infância de Cat são muito boas, e conseguimos sentir a sua perda quando a vida começa a mudar radicalmente. E depois, aquele fim absolutamente em suspenso, fez com que pegasse imediatamente no volume seguinte.

Gostei bastante, fiquei agarrada à história, e vou alegremente para o segundo volume, o que quer dizer que só em Janeiro li dois livros portugueses. O ano promete. Recomendo a todos os que gostam de fantasia, daquela cheia de acção e magia, e até mesmo Vikings!

Boas Leituras!

Goodreads Review

Acabei de Ler – Bunny

bunny

Keep scrolling if you prefer to read in English.

Comecei 2024 muito sem gás. Terminei o primeiro livro porque já o tinha iniciado em 2023, mas depois demorei imenso tempo a pegar num livro novo. Perdi a conta à quantidade de livros que comecei e abandonei nas primeiras páginas. Depois algures vi uma opinião sobre este livro, mais uma das muitas que já tinha visto, e resolvi experimentar. E acabei por ficar agarrada à história logo desde início.

Samantha Heather Mackey é uma estudante bolseira numa faculdade muito prestigiada, daquelas que só os muito ricos têm acesso. Mas nunca perde o sentimento que é uma impostora, especialmente quando confrontada com o grupo de meninas ricas da sua aula, que se tratam mutuamente por Bunny. Tem uma amiga especial, Ava, com quem preenche os dias, e que é a única que conhece o seu bloqueio de escritor. Mas as coisas mudam radicalmente quando ela própria é aceite no grupo das Bunnies.

Sinceramente ainda não percebi muito bem o que li, e em muitas alturas não conseguia sequer perceber se estava a gostar. Mas na realidade não consegui pousar este livro, e quanto mais lia, mais queria saber que rumo esta história alucinogénica ia tomar. E não foi previsível, mesmo quando parecia que ia ser. Conseguiu sempre surpreender, inovar. Dizem que é um livro de horror, mas confesso que só o percebi lá para meio da leitura. Não tem descrições gráficas, é mais o estarmos suspensos num estado que não é bem realidade, nem é bem alucinação, mas um misto das duas.

Recomendo a todos os que querem ir numa viagem estranha, hipnótica, sem grande aderência a nenhuma realidade. Acho que vou manter esta autora debaixo de olho.

Boas Leituras!

Goodreads Review

I started the year slowly. I finished the first book because I had started it in 2023, but afterwards it took me a long time to pick up a new one. I kept seeing booktubes to see if I got any inspiration, but ended up starting and abandoning a good number of books. I then watched a review of this book online, and decided to give it a go.

Samantha Heather Mackey is a scholarship student in an elite arts college, one of those that is only accessible to the very wealthy. She has this feeling that she does not belong there, is an imposter, especially when she compares herself with the other girls in her writing class, a group of wealthy girls that call themselves Bunnies. She has a very special friend outside school, Ava, with whom she lives and spends most of her days. She is the only one aware of her writer’s block. But all this will change as soon as Samantha joins the Bunnies.

I honestly don’t know if I fully understood what I read, and at some points I could not even tell if I was enjoying the book or not. But I just could not put it down, as I wanted to know where this lunatic story would lead me. And the course it took was not predictable, even when it seemed it would be. It is meant to be a horror book, and it was part of the Goodreads Choice Awards, but I only realized it around half way through. It does not have graphic descriptions, i tis more the way that reality is suspended, and we are lead through a maze of emotions, the main one being suspense.

I recommend it to everyone who wants to embark on a weird and hallucinating ride, not too related with reality. I will definitely keep an eye out for this author’s other works.

Happy Reading!

Acabei de Ler – A Love Song For Ricky Wilde

ricki wilde

Keep scrolling if you prefer to read in English.

Resolvi começar o ano em grande nas minhas “resoluções” e atacar logo um livro do Netgalley. Tia Williams foi a autora de “7 Days in June“, livro que também li pelo Netgalley há algum tempo (algures o ano passado, se não me engano), e que gostei bastante. Apesar de ser um romance (e isto foi uma frase muito pretensiosa), tinha uma perspectiva diferente. A protagonista era negra e mais velha, não o que tipicamente encontramos neste género, e isso foi muito bom. Como gostei deste livro, a editora contactou-me em Novembro passado e sugeriu-me ler o título mais novo de Tia Williams, que irá ser lançado agora em Fevereiro. Claro que não poderia deixar passar essa oportunidade e ataquei-o logo.

Ricki Wilde é a mais nova de 4 irmãs, numa família conceituada de Atlanta, e detentores dum conglomerado de funerárias. A Servilusa dos EUA. Tal como as irmãs, é esperado que Ricki assuma o controlo duma filial e continue o negócio da família. Mas Ricki é diferente e não quer ter nada a ver com essa vida convencional. Muda-se para Nova Iorque, mais concretamente para uma velha casa em Harlem, onde vai abrir a sua loja de arranjos florais. A sua senhoria é uma nonagenária que a adopta como neta, e uma estrela televisiva vai tornar-se na sua melhor amiga. No meio disto tudo vai, obviamente, aparecer um estranho, com tanto de misterioso como de sexy, como sempre se quer nestas coisas. Mas a sua história de amor não vai ser bem como seria de esperar.

Foi uma experiência muito diferente, porque este romance tem um toque de fantástico, um pouco de história, ficamos a conhecer os tempos de glamour do Harlem dos anos 20 do século passado. Foi um romance bonito, com um bocadinho de picante e um bocadinho de cultura, tudo na dose certa. Teve alguns plot twists, alguns que se adivinhavam, mas que faziam sentido na história. Ainda tivemos a presença da protagonista do livro anterior, que foi assim um momento que aqueceu o coração. Gosto dos romances desta autora. Mesmo quando dentro do fantástico, as suas personagens são coerentes, as suas atitudes fazem sentido, e não temos aqui a exploração da má comunicação como razão de todos os males, e só por isso já vale a pena ler.

Gostei muito, espero continuar a ler mais livros desta autora. É quase certo que será traduzido, tal como os dois títulos anteriores da autora. Rumo ao próximo.

Boas Leituras!

Goodreads Review

I started the year by tackling my New Year resolutions, which means I picked up one of my Netgalley books. Tia Williams wrote “Seven Days in June” that I read in the past, also via Netgalley, and I enjoyed it a lot. Despite being a romance (how pretentious of me), it had a different perspective. The protagonist was a black woman in her forties, which we don’t see often in this genre. It was a breath of fresh air. As I liked that book, the publisher offered me to read her new book that is meant to come out in February. I obviously jumped to the opportunity, and I’m glad that I did.

Ricki Wilde is the youngest of 4 sisters, born in an old family from Atlanta. They are the owners of a funeral home franchise. Like her sisters before her, it is expected that Ricki that control of one of the franchises and carries on the family business. But that is not on her plans, as she wants to live her life in her own terms. She moves to New York, to an old Harlem house, and there she opens a flower shop. Her landlady is a ninety something year old lady, who adopts Ricki as a granddaughter, and a famous TV star will become Ricki’s best friend. Obviously, there will also appear a very handsome and mysterious stranger, that will add some spice to the mix. But her love story will not be as we expect it.

This book was a very different experience, as it has a touch of fantasy, but also a lot of history. We got to know more about Harlem’s golden years, in the 20’s of last century, a topic I knew nothing about. It was a lovely romance, with a pinch of spice, a dash of culture, all in the right amounts. There were also some plot twists, a few that we could predict but tied in nicely with the story. There was also a cameo from the main character of the previous book, which warmed my heart. I like Tia Williams’ novels. Even when they are fantastic, the characters are still cohesive, their attitudes make sense, and she does not use the miscommunication trope, and for that I am grateful.

I will continue reading further books by this author, and I expect this one to also be translated into Portuguese, as were the 2 previous ones. On to the next.

Happy Reading!