Foi no passado dia 27 de Março que saiu a lista de finalistas ao novo prémio literário, o Women’s Prize for Non-Fiction, que pretende distinguir mulheres que tenham investigado e documentado um tema. Achei a lista de nomeados interessante, e com muitas possibilidades de boas leituras. Mas acabei por não pegar em nenhuma, porque passei o mês de Março quase todo com os mesmos dois livros, e ainda não consegui passar disso.
Quanto às finalistas, estou dividida. Três delas estavam definitivamente na minha lista de livros para ler, as outras três pareceram-me ter potencial de aborrecimento associado. Em todo o lado que tenho visto falar disto, Doppelganger parece ser consensualmente aclamado, e está certamente no topo dos meus interesses.
Deixo-vos novamente um resumo das sinopses.
All That She Carried, de Tiya Miles – Algures nos anos de 1850 no sul americano, uma escrava de nome Rose deu à sua filha Ashley, de 9 anos, um saco com alguns pertences como prova do seu amor, e como ajuda à sua sobrevivência. Foram posteriormente separadas e a filha foi vendida. Décadas mais tarde, a bisneta de Ashley encontra o saco e borda-o com palavras de amor. Esta história dá o mote para a autora ir pesquisar mais sobre estas mulheres, e com isso fazer um retrato de resiliência e sobrevivência. Grandito, com 385 páginas, e 3.95 no Goodreads.
Code Dependent, de Madhumita Murgia – uma reflexão sobre o impacto da tecnologia moderna, especialmente a inteligencia artificial, no significado de ser humano, nas nossas relações sociais e na nossa identidade. 4.16 no Goodreads, e 320 páginas, este não está no topo das minhas prioridades.
A Flat Place, de Noreen Masud – A visão duma mulher habituada às montanhas do Paquistão e da Escócia sobre as planícies inglesas, dum modo quase poético, e reflectivo sobre o pós-colonialismo. 4.31 no Goodreads e 256 páginas.
Thunderclap, de Laura Cumming – Mais uma reflexão semi-poética, neste caso sobre a pintura e sua relação com a vida real, ou como pode afectar o nosso modo de pensar e ver a vida. Este relâmpago do título refere-se ao som duma explosão de pólvora em Delft em 1652, que devastou a cidade e se ouviu a muitos kilómetros de distância. Nessa explosão morreu Carel Fabritius, um pintor que ficou apenas com um quadro conhecido, e do qual pouco se sabe. Tem uma premissa engraçada, mas é daqueles que podem ser muito giros ou muito chatos. Tem 4.23 no Goodreads, o que é sempre boa indicação e umas apetecíveis 272 páginas.
Doppelganger, de Naomi Klein – a autora deste livro partilha o nome com uma “influencer chalupa” das redes sociais, e é algumas vezes confundida com ela. Isso desperta-lhe a atenção e é o mote para analisarmos algumas destas tendências estranhas, como ser anti-vacinação, ou não acreditar nas alterações climáticas, e afins. Uma espécie de retrato dos nossos tempos, e uma reflexão sobre a identidade. 4.26 no Goodreads, parece-me muito interessante, apesar das 416 páginas.
How to Say Babylon, de Safiya Sinclair – a autora é jamaicana, filha dum rastafari muito rígido, e que impedia as suas filhas de qualquer vida social, para manter a sua pureza e defendê-las da Grande Babilónia. Um olhar sobre uma cultura de qual se fala pouco, por quem a viveu de perto. Mais um que promete. 4.49 no Goodreads e 352 páginas, está definitivamente na minha lista de livros a ler.
Já leram algum? O que acharam? Outras não-ficções que achem interessantes e me queiram sugerir? Fico à espera!
Boas Leituras!