Amazing Thailand 2019

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Lembram-se da viagem maravilhosa que o Peixinho ganhou neste concurso em 2016? Pois é, a oportunidade de participar outra vez começou esta semana, desta vez para sítios diferentes.

Este ano o quizz só demora 5 semanas, mais curto que no ano em que eu ganhei, mas o prémio é igualmente apetecível. Façam como eu, quem sabem não são os próximos a ganhar? Se forem, tragam-me uns caramelos de manga.

Sawadee ka, e podem participar aqui.

Caminho Imperfeito

Caminho Imperfeito

Há alguns anos atrás comprei um livro de José Luís Peixoto na feira do livro. Era Uma Casa na Escuridão, e aproveitei que ele estava lá numa sessão de autógrafos para me pôr na fila à espera de uma assinatura no meu exemplar. Assim aconteceu, uma assinatura, um beijinho, um sorriso e umas palavras do autor que me disse: sabes, este livro é um bocadinho negro, pesado, mas eu costumo dizer que não é mais pesado que o Telejornal. Eu agradeci, e disse que no ano seguinte logo diria o que tinha achado, coisa que nunca aconteceu. Mas vim-me embora a pensar no que o teria levado a dizer isso. Teria eu um ar frágil, ou inocente? Deveria ter respondido que já levava um livro de Sade no saco?  Quando li o livro percebi o que ele me quis dizer, mas não deixei de achar curioso.

Vem isto a propósito de José Luís Peixoto dizer neste livro que nós leitores fazemos assunções acerca dos autores que lemos, principalmente se escrevem não ficção, e ficarmos desiludidos quando não se comportam na vida real de acordo com as expectativas que criamos deles. É justo. Sei do José Luís que é fã de Moonspell, como eu, frequentou o Gingão na mesma altura que eu (descobri-o agora, ao ler este livro) e uma das vezes que esteve na Tailândia, eu também lá estava.

Mas, acima de tudo, tem uma escrita bonita, não imediata, que me obriga a pensar, e é por isso que sou fã dele. E foi isso que aconteceu mais uma vez, com um livro que tanto nos transporta à Tailândia, a Las Vegas ou às memórias do escritor. Que nos põe a reflectir sobre o impacto do turismo na representação cultural dum povo, sobre os refugiados birmaneses ou sobre a diversidade de experiências pessoais. Que me fez reflectir que necessariamente a minha Tailândia é diferente da dele, e diferente da de todos os outros viajantes que connosco se cruzam em cada momento, e isso é válido para qualquer país que se visite.

Gostei do livro, recomendo a fãs do escritor, de literatura de viagens e da Tailândia.

E meu caro José Luís, se algum dia nos cruzarmos, eu quebro a minha regra pessoal de nunca me meter com gente conhecida, porque aceito o desafio da tatuagem!

Goodreads Review

Boas leituras!

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Um ano de Tailândia

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Faz hoje um ano que começou a minha viagem para a Tailândia. Fomos numa altura complicada, o Rei Tailandês tinha falecido há pouco tempo, e isso notava-se pelas manifestações de luto que encontrámos um pouco por todo o lado.

Mesmo assim conseguimos perceber que estávamos na presença dum povo acolhedor, simpático, com vontade de acolher o turismo. Uma cozinha deliciosa e variada, frutas maravilhosas, paisagens belíssimas, e muita, muita gente em todo o lado. Muitos turistas, muitos habitantes locais, numa espécie de caos organizado que ameaçava engolir-nos a qualquer momento.

Ficámos com vontade de voltar, não a Phuket, a meca do turismo, mas com certeza a locais mais calmos e menos explorados da Tailândia. Voltaremos com certeza à Ásia, que a mim particularmente me encantou, para conhecer outros locais que estejam fora do radar das grandes agências de viagens, se é que ainda existem lugares assim.

Na minha cabeça há todo um mapa-mundi de possibilidades ainda por explorar, é só pôr um pé à frente do outro.

Boas Viagens!

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Amazing Thailand

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Sawadee ka!

Os seguidores deste espaço sabem que em 2016 eu fui até Phuket cortesia da Autoridade de Turismo da Tailândia, porque fui a vencedora do seu passatempo Amazing Thailand.

Como eu acredito no conceito de Pay it Forward este ano resolvi partilhar o concurso com os meus leitores para dar a mais pessoas a possibilidade de desfrutar o mesmo que eu.

Concorram, é fácil, e o prémio vale definitivamente a pena. Este ano inclui ainda um saltinho a Bangkok.

Basta irem até aqui, registarem-se e participar no quizz. Boa sorte.

Dia 9 – Adeus a Phuket

O nono dia de viagem foi o dia de dizer adeus, com alguns sentimentos contraditórios. Por um lado sentimos que ficou tanto por ver num país tão maior e mais diverso que o nosso, por outro estávamos sinceramente cansados e a precisar de recuperar, principalmente a boa forma.

Mas ainda tínhamos o dia todo pela frente e tencionávamos aproveitar cada minuto. Claro que de boas intenções está o inferno cheio, e uma tremenda chuvada logo pela manhã fez-nos reféns do hotel e já era quase hora de almoço quando finalmente conseguimos sair.

Tínhamos um destino muito preciso em mente. Uma coisa muito especial que ainda não tínhamos conseguido experimentar por termos estado doentes, e que não iríamos sair da Tailândia sem passar por isso. Uma massagem tailandesa. A alergia do peixinho vermelho desaconselhava uma massagem mais tradicional, por isso optámos por uma hora de reflexologia, que é como quem diz pézinhos. Eu já esperava que a massagem tailandesa fosse boa, não esperava que fosse tão boa. Eu que demorei muitos anos a apreciar as maravilhas das massagens (quando era mais nova fazia-me impressão e enervava-me mais do que me relaxava), fiquei genuinamente impressionada com a destreza e capacidade das senhoras. Claro que rirem-se do tamanho dos meus dedinhos antes de começarem a massagem não teve graça, mas faz parte. Agora eu sou uma pessoa que sofre IMENSO de cócegas, o que levou a minha massagista a passar o tempo a mandar-me relaxar os pés até eu finalmente rebentar num ataque de riso enquanto fugia pela poltrona reclinável acima. A palavra que mais ouvi foi “Relax!” ou a sua variante “Relax! No relax, no good!”, enquanto me dava pancadinhas nos tornozelos. Aconselho vivamente a qualquer pessoa que viaje para a Tailândia a não sair de lá sem passar pela experiência de se deixar massajar. É uma porta para um novo mundo. Mesmo quando parece que nos vão partir o pescoço, é sempre em bom.

Pézinhos de novo no chão, estávamos no pico do calor e fomos fazer um almoço leve num sítio com ar condicionado. Já não conseguíamos apanhar mais sol, e com a perspectiva de 18h de vôo à nossa frente também não estávamos para grandes aventuras exploratórias. Quando nos sentimos suficientemente frescos, rumámos à praia para aproveitar o último fim de dia e a brisa que vem do mar. O nosso verão estava mesmo a chegar ao fim e mesmo assim tínhamos conseguido que durasse até final de Outubro. Ainda demos um salto à rua principal para ir buscar jantar, que foi unicamente um gelado de fruta, feito na altura. O meu banana, o dele maracujá e íamos alternando entre o doce e o ácido de um e outro enquanto passeávamos à beira mar.

A contemplar o último pôr-do-sol ainda tivemos tempo de regatear uns magníficos óculos escuros, que nem queríamos comprar mas que a simpatia do vendedor acabou por nos conquistar. E pela primeira vez nas férias todas, o transporte que nos iria levar ao aeroporto atrasou-se. Até então a pontualidade tinha sido sempre absolutamente exemplar. Mas isso foi apenas mais uma oportunidade para o staff do hotel demonstrar a sua imensa simpatia e disponibilidade em resolver o assunto. 1 minuto depois da hora marcada para o transfer (e não estou a usar um exagero literário, foi exactamente às 20:01) já estavam a ligar para a moça que nos tinha organizado o transporte e a coordenar tudo para saberem o que se passava, e não nos deixaram até o motorista (que tinha ido para outro Chanalai resort) chegar e nos levar até ao aeroporto a uma velocidade supersónica.

Regresso a casa foi oportunidade de ver os episódios que me faltavam da Teoria do Big Bang, mais o Finding Dory, Where to Invade Next, do Michael Moore e alguns episódios do Family Guy. Volto a referir, passe a publicidade, que a Emirates impressiona. Como a nossa escala era de 4 horas no Dubai, tivemos direito a um voucher para uma refeição num dos muitos restaurantes do aeroporto. O menu era restrito, mas era uma refeição completa. Um luxo.

Na altura cheguei cansada, ainda com algumas mazelas, e este foi um ano com duas viagens grandes que, como dizia a minha mãe, nos sairam do corpinho. Dissemos um para o outro que tão cedo não voltávamos a viajar. A realidade é que ainda não parámos de ver outros destinos, sonhar com novas paragens e investigar o que nos falta ver no Sudeste Asiático. Eu quero muito voltar lá e a São Tomé também. Não será já para o ano, mas certamente será mais cedo do que antecipámos. O mundo é uma caixa de surpresas!

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A ver a chuva cair
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Pézinhos massajados, prontos para o regresso.
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Isto é que são tuc-tuc modernos e confortáveis.
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A nossa praia (Kata Beach) vai deixar saudades.
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Pézinhos massajados na areia
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Gelados de fruta e leite de coco feitos na hora… nham nham.
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WC do aeroporto… é que continuo sem perceber.
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Não há livraria que me escape.
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Uma recordação de paz, o Buda Dourado. Até breve!

Dia 8 – O dia espiritual

Este foi mais um dia de passeio, mas virado para a reflexão espiritual. No entanto começou um bocado atribulado. Logo de manhã o peixinho vermelho queixou-se que estava com olheiras, mas tinha na realidade uma brutal reacção alérgica que lhe tinha feito inchar a cara toda ao ponto de quase não se verem os olhos. Resolvi não entrar em pânico, dar-lhe um anti-histaminico, e seguimos para o passeio como combinado, que estaria terminado à hora de almoço. Se até lá ele não melhorasse, seguiríamos para um médico. Claro que ele teve de tomar o pequeno-almoço de óculos escuros para não assustar os outros hóspedes do nosso hotel, mas ao longo da manhã a cara foi ficando (quase) do tamanho normal. O tronco é que continuava com uma urticária que teimava em não passar.

Adiante, como dizia a minha mãe. Lá entrámos nas nossas muito conhecidas carrinhas com ar condicionado e ficámos contentes por ver que teríamos uma guia, simpática como era apanágio do local. Nok, era o seu nome, e, como suspeitávamos, isso era apenas uma abreviação do seu longo e inpronunciável nome para nosso beneficio.

A primeira paragem foi bem perto, num miradouro chamado Karon View Point de onde se consegue ter uma bela vista para as 3 baías da zona: Karon Beach, Kata Beach and Kata Noi Beach (Noi significa pequena, por isso é a praia pequena de Kata). Muita gente, mas nada que nos impedisse de desfrutar da vista e deu para tirar fotos a um casal americano em troca deles nos tirarem fotos a nós, o que foi bom porque é raro termos fotos nossas decentes nas viagens.

Paragem seguinte, o Big Buddha. Esta estátua de 45m foi construída essencialmente com base em doações, no cimo duma colina com uma vista fantástica, e com pequenos azulejos de mármore branco da Birmânia que brilham em dias de céu azul. Felizmente o diz estava com bom tempo, e pudémos desfrutar da beleza em todo o seu esplendor. É um sítio mágico, que emana muita calma e paz.

Paragem seguinte o maior templo budista de Phuket, Wat Chalong. A nossa guia foi todo o caminho a dar-nos algum contexto histórico, religioso e isso só enriqueceu a experiência. As pessoas eram mais uma vez uma simpatia, e iam-nos guiando nos passos que era suposto fazermos. Onde acender a vela, onde deixar a flor, etc etc. O templo é muito bonito e apesar de ter imensa gente não deixa de ser um sitio que emana paz. Na realidade, as únicas pessoas que ouvimos a falar altíssimo foram uns portugueses. Nada que nos surpreendesse, infelizmente. Mas fizemos a nossa oferta, e colocámos uma vela, uma flor e uma folha de ouro nos locais certos, fizemos um bocadinho de meditação interior e desfrutámos do local e da paz que oferecia.

Na tradição tailandesa as estátuas de Buda aparecem sempre em posições muito diferentes. Isto deve-se essencialmente ao facto dos tailandeses acreditarem que consoante o dia da semana em que nascemos, assim temos uma posição de Buda associada, que corresponde a uma determinada personalidade. Podem ver aqui ou aqui. Quarta feira, o meu dia de nascimento, é o único que tem duas posições associadas, consoante tenhamos nascido antes ou depois do meio dia.

A paragem seguinte foi sem grande história, um enorme show room de jóias e souvenirs para aliciar turistas. Nada que não estivéssemos à espera, teve a vantagem de nos mostrar o interior da fábrica de joias, e depois disso não nos demorámos por lá e fomos em direcção a casa. Ainda pensámos rumar a outras paragens da ilha, mas estava imenso sol e a pele do outro peixinho não aguentaria mais calor.

Mas ainda acabámos o dia a passear pelas ruas de Kata, a comer um gelado feito à nossa frente de fruta e leite de coco (que na realidade foi o nosso jantar), e a comprar bananas e mangas para trazer para Lisboa connosco. A fruta, à semelhança do que experienciámos em São Tomé, tem um sabor muito especial e diferente do que encontramos por aqui.

Estava a aproximar-se o último dia em Phuket, e o final da aventura.

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Karon View Point, se eu fosse mais alta viam-se as 3 praias.
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Uma das divindades que ladeava o Big Buddha. Alvíssaras a quem souber quem é.
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Diz-me o Google que este é Durga, que significa O Invencível.
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A vista para o mar de Andaman
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Ainda a vista do Big Buddha
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O Big Buddha num dia de sol. 
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A vista para o interior.
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Alguns ensinamentos budistas que se encontram no interior da estátua. 
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À saída do Big Buddha, o único elefante que veríamos em toda a viagem. 
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Dentro de um dos templos de Wat Chalong
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Um dos edifícios que não era visitável, era só acessível aos monges.
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Pertinho do céu.
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Toda a decoração era lindíssima.
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A sala dos Budas, nas duas diversas posições. 
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“O” Buda. 
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O Buda de quarta feira à tarde. História aqui
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Final do dia, pôr do sol em Kata Beach
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A banca onde comprámos um cacho de bananas, como os que estão pendurados, e mangas, como aquelas amarelinhas. 

7º Dia – As ilhas Phi Phi

Que se lêem Pi, sem o h, como aprendemos por lá. O dia começou cedo, depois de eu ter dormido umas 12 horas para recuperar. Mesmo assim ainda foi preciso mais um paracetamol e 4 Imodiums para eu estar em condições de me meter dentro duma lancha aos saltos em alto mar.

Tal como no dia anterior, sentámo-nos estrategicamente para não enjoar e aguentar a hora de viagem. Viria a revelar-se ainda mais importante, porque o mar era mais agitado, já não estávamos numa baía protegida. No entanto também não era nada que assustasse, e a viagem decorreu sem incidentes.

A primeira paragem foi em Bamboo Island. O nosso guia diligentemente disse-nos os nome de todas as ilhas, mas eu confesso que já só me lembro recorrendo a um mapa. A praia onde parámos era daquelas típicas de postal, águas quentes azul turquesa, a ver-se o fundo e os peixes que decidiam passar por nós. Uma maravilha. Tirando o pequeno pormenor de mais uma vez só podermos tomar banho num pequeno espaço confinado, e a praia estar tão cheia como a Costa da Caparica em Agosto. Nem quero pensar como será na época alta, porque felizmente fomos em época baixa. Mesmo assim bastava dar umas quantas braçadas para já estarmos quase sozinhos no mar, porque a maioria das pessoas estava mais entretida a tirar selfies do que a desfrutar do que estava mesmo à sua frente.

Segunda paragem seria para mim o ponto alto de toda a viagem, e infelizmente durou só 40 minutos. Fazer snorkell ao largo duma ilhota. Nós íamos preparados de Lisboa com o nosso equipamento por variadíssimas razões, uma das quais o facto de eu ter os pés pequenos e ser difícil arranjar pés de pato que me fiquem confortáveis. Como já tínhamos tudo pronto fomos dos primeiros a sair do barco, e parecia uma cena de filme. Como descer escadas com pés de pato é difícil, eu atirei-me de mergulho, qual sereia desajeitada, e larguei a pedalar dali para fora. Apesar dos corais não estarem muito vivos, o que é natural graças ao intenso tráfego daquela zona, os peixes eram absolutamente deslumbrantes e ainda mais abundantes que em São Tomé, e eu teria ficado à vontade duas horas sem levantar a cabeça da água.

Seguiu-se o almoço, que não foi brilhante ao contrário do dia anterior. Não se perdeu muito porque ainda não estávamos muito capazes de comer, mas mesmo assim a variedade de escolhas inócuas não era muita. O sítio era engraçado e ainda relaxamos numas cadeiras à beira mar. O pior foi voltar para o barco depois. A maré tinha baixado e o barco não conseguia chegar perto da praia, o que nos fez caminhar cerca de 100m por rocha, com ondas a desequilibrar-nos. Note to self: nunca mais ir para estas coisas sem os pezinhos de praia. Mesmo assim não me posso queixar de mais que um dedito arranhado, o nosso guia andava para a frente e para trás a certificar-se que ajudava toda a gente a entrar em segurança e carregou a minha mochila grande parte do caminho.

Seguiu-se uma paragem ao largo duma praia para ver macacos ao longe e noutra para ver as grutas com estruturas montadas para recolher ninhos de andorinhas para as famosas sopas chinesas. Confesso que me fez um bocado de confusão. Quando era miúda não acreditava que fossem mesmo ninhos de andorinha e barbatanas de tubarão que entravam naquelas sopas, e preferia ter mantido essa ingenuidade. Mas a água era dum azul turquesa deslumbrante, e valeu por isso.

Próxima e última paragem foi em Maya Bay, o local onde foi gravado o mítico filme do Danny Boyle, A Praia, local que ainda é parque nacional. Ora, eu tinha mixed feelings sobre ir a este local, sabendo que a produção do filme literalmente “rearranjou” a flora local para ficar mais parecida com o que queriam, e plantaram imensas espécies não autóctones de palmeiras, para dar um ar mais paradisíaco ao local, como se isso fosse possível. Mas acho que não ter visto o filme no cinema e já foi a minha forma de protesto, e seria bom ver se o local tinha recuperado, mais que das filmagens, do tsunami que o assolou em 2004. O local é realmente lindíssimo, não desilude, apesar do tema “excesso de pessoas” ter sido uma constante. Segundo o nosso guia irmos de tarde é melhor, porque de manhã há muito mais gente, por causa das marés. À tarde implica uma pequena caminhada por cima de rocha, mas beneficiamos de ter menos gente. E se o número de pessoas que ali estavam era o que se considera “menos gente” tenho medo de pensar no que serão as manhãs passadas ali.

Outro fenómeno engraçado são as sessões fotográficas. Mais do que as dezenas de selfie sticks, vimos famílias que levaram consigo um fotógrafo e estavam literalmente a fazer sessões por toda a praia, para desespero dos seus petizes que apenas queriam tomar uma banhoca descansada. Facebook, a quanto obrigas.

Tempo de voltar a casa, em melhor forma que no dia anterior. Cansados, mas já sem febre e sem corridas desenfreadas ao wc mais próximo. Achámos que já valia a pena ir jantar fora e tentar mais um Pad Thai… achámos mal. O restaurante tinha muito bom aspecto e era muito conhecido, mas não tinha ar condicionado, coisa habitual nos restaurantes locais, supomos nós que para ajudar a vender cervejas fresquinhas, e o pad thai tem uma certa ciência para ser bem conseguido senão fica uma massa pastosa, que infelizmente foi o caso. Foi uma pequena bomba que me caiu no estômago, não ajudada pelo facto de termos sido literalmente despachados em 30 minutos para dar o lugar a outros clientes que consumissem mais. A não voltar.

No dia seguinte teríamos o último passeio turístico pelas redondezas, e estávamos ansiosos. A aventura ainda não tinha terminado.

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Primeira paragem, uma praia de postal, em Bamboo Island
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Com águas deslumbrantes, e muita, muita gente.
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Descansar a ver o mar depois de almoço. O nosso barco é obviamente o que está mais longe da praia.
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A entrada para as grutas onde se recolhem os ninhos de andorinha duas vezes por ano.
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Maya Bay, Phi Phi Ley. O senhor na foto é um funcionário do parque a inspecionar a areia à procura sabe Deus de que perigos.
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Ainda Maya Bay
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Parecia deserta, mas na realidade estava assim.
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Vista para dentro.
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O jantar. Bonito, mas não convenceu.

6º Dia – Baía de Phang Nga

Ou, como é mais conhecida, James Bond Island. Tudo porque um obscuro filme do James Bond, The Man With the Golden Gun, foi parcialmente rodado numa daquelas ilhas (era o esconderijo do vilão, Scaramanga). Mas é claro que não é só isto que torna esta baía uma das zonas mais procuradas pelos visitantes da área. É que é realmente uma zona lindíssima, com vistas deslumbrantes, e que fica bem em qualquer Facebook ou Instagram. Eu que o diga.

Desta vez resolvemos fazer o pacote turístico completo, e, contrariamente ao que é nosso costume em que andamos quase sempre independentemente ou com guias descobertos por nós, resolvemos contratar os tours com a intermediária da agência de viagens. Como íamos pouco tempo, o preço teve desconto, e as coisas pareciam bem estruturadas, resolvemos fazer o pacote completo. E claro que isso tem vantagens e desvantagens.

A principal vantagem é que não temos de nos preocupar com nada. Vêm buscar-nos numa carrinha com ar condicionado, levam-nos até ao cais, entretêm-nos com música ao vivo até chegar a altura de embarcar. Os barcos são bons e os sítios onde nos levam são os mais relevantes. A principal desvantagem é que ao mesmo tempo estão outros milhares de turistas a fazer exactamente a mesma coisa nos mesmos locais, e há sítios que estavam piores que a Fonte da Telha em Agosto… e sem caixotes do lixo.

Mas, voltando à cronologia. Escrupulosamente à hora marcada vieram buscar-nos ao hotel para começar a viagem até ao cais. Em Phuket sentimo-nos em casa, porque está igual a Lisboa, parece um estaleiro em obras e o trânsito é um caos. Mas na realidade o tráfego flui com mais naturalidade, e nunca se ouvem buzinadelas nem condutores irados. As pessoas são mais pacientes e tudo parece mais orgânico.

No cais já haviam imensas pessoas à espera, mas as coisas são muito bem organizadas com um sistema de pulseiras que nos identificam por barco. Eu, ou não fosse um peixinho, adoro tudo o que tenha a ver com água e barcos e passeata em alto mar, por isso estava entusiasmada. O peixinho vermelho depois do comprimido para o enjoo estava mais optimista.

Até à primeira paragem foi cerca de 1h de caminho numa lancha de 3 motores, super rápida. É importante irmos bem sentados, porque isso dita a boa (ou má) disposição para o resto do dia. Os lugares lá fora à frente são os melhores para quem enjoa, mas a menos que se queiram transformar numa lagosta suada em menos de nada, não aconselho a ninguém. Se os tailandeses que trabalham nas praias andam com todos os centímetros de pele cobertos para fugir ao sol, e são mais escuros que nós, isso diz muito do força dos raios UV naquela zona. Fugir do sol o mais possível é a palavra de ordem para preservar a saúde. Por isso nós ficámos nuns bancos altos virados para a porta, mesmo à frente do barco. Apanhavam imenso vento, e eram estáveis, foi uma viagem simpática.

O primeiro local onde parámos foi numa ilha onde haviam macacos, super habituados aos turistas. É que não nos ligavam rigorosamente nada. O truque é não interagir com eles, porque são uns danadinhos que mordem e arranham, e se temos o azar disso nos acontecer passamos o resto das férias a levar injecções contra a raiva. Mas são patuscos e na realidade não é todos os dias que vemos macacos assim ao vivo em liberdade. Mesmo em São Tomé eles não deram o ar da sua graça, possivelmente porque estão mais habituados a ser caçados do que a ser alimentados por turistas.

Daí enfiámos o barrete (mais concretamente o capacete) e fomos explorar 100m de grutas. O interesse não estava nas grutas propriamente ditas, mas nos mangais onde elas desembocavam. Uma explosão de verde, depois do escuro das grutas, e uns peixes pulmonados lindíssimos que eu me entretive a fotografar enquanto o guia estagiário agitava a água para os fazer mexer. Mais grutas, mas desta vez dentro de canoas. Não íamos nós mesmo a remar, éramos levados por uns guias locais que conheciam bem o sítio, e que nos iam mostrando as coisas mais interessantes. Giro, mas é tudo demasiado rápido e somos conduzidos em rebanho, não temos tempo para apreciar as coisas devidamente e com sossego.

Vamos finalmente para a dita Ilha do James Bond, ponto alto do dia, mas que sinceramente não vale a pena. Eu nem sequer vi o filme, e estar enfiada num carreiro com largas centenas de pessoas a tirarem selfies como se o mundo fosse acabar não é para mim. Fiquei sossegada à sombra enquanto o peixinho vermelho fez o caminho até ao final, apenas para desembocar numa praia cheia e suja, e voltar para trás a dizer que eu tinha feito bem em não ir. Tendo em conta que se paga uma taxa por ser parque natural, se estiverem a fazer um tour com um barquito mais pequeno, nem desembarquem e peçam para ir antes a uma ilha mais pequena e deserta, que com certeza desfrutam mais.

O almoço foi numa suposta aldeia palafítica que hoje em dia deve viver apenas destes almoços turísticos. A comida tinha óptimo aspecto, mas o peixinho vermelho estava que não podia, e eu própria já tinha tomado dois Imodiums nessa manhã. Nunca um arroz chau chau nos soube tão bem, para espanto dos nossos companheiros de mesa que se deliciavam com todas as iguarias cheias de molho.

Paragem seguinte foi numa praia de águas calmas, onde nos estavam sempre a tentar vender cocktails e passeios de jet ski. A água estava convidativa, mas pareceu-me muito fria. Não estava fria, eu é que estava quente. Mas foi uma bela e relaxante banhoca, que nos soube muito bem. As praias na Tailândia são ao contrário das algarvias. No Algarve temos uma pequena zona delimitada para as embarcações onde não podemos tomar banho. Na Tailândia toda a praia é para os barcos e nós só podemos tomar banho nuns quadradinhos delimitados por corda. Quando íamos a sair da água o peixinho vermelho tocou com as costas na corda, que estava obviamente cheia de algas, e ficou imediatamente vermelho, cheio de alergia.

Já estávamos prontos para voltar para o conforto do hotel e realmente quando cheguei percebi que era eu que estava doente e com febre. Uma banhoca e um paracetamol depois e estava na cama às 18h30 da tarde. Tinha de recuperar o suficiente para estar em condições para a visita às ilhas Phi Phi no dia seguinte, que já não poderia ser novamente adiada. A aventura continuava.

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Não há palavras para descrever isto…
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A paisagem que nos acolhe quando chegamos à Baía de Phang Nga
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Águas calmas e paisagens imensas, mesmo com nuvens.
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Os macacos que andavam à solta mesmo ao pé de nós.
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As crias eram mais comedidas e ficavam pelas árvores.
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Os adultos estavam MESMO ao é de nós.
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Depois de 100m de grutas desembocávamos neste mangal.
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O verde era deslumbrante.
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Mesmo deslumbrante.
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A água estava cheia de peixes pulmonados.
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Que para além de fluorescentes são venenosos.
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Depois do passeio a pe, chegou a vez da canoa.
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Ver o mar mais de perto.
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Toda a gente andou de canoa, mas quem remava eram uns senhores locais.
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E mais uma vez fomos ter a uma lagoa interior.
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E o passeio termina a ter de subir da canoa para dentro do barco. Nada demais para um peixinho.
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O muy famoso rochedo do James Bond. Deve ser o pedaço de rocha tailandês mais fotografado de sempre.
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Depois deste bocadinho de paraíso, fomos tomar uma banhoca na praia dos coktails e não há registo fotográfico.

5º Dia -Tempo de recuperar

Tal como tínhamos começado a ver no dia anterior, o peixinho vermelho não estava nada famoso. Especular sobre o que é que o tinha deixado doente era infrutífero, o importante era descansar e recuperar. O dia também não ajudava, porque estava chuvoso e escuro, por isso tudo parecia uma conspiração.

De vez em quando ele abria os olhos e dizia-me para não ficar fechada no quarto e ir até à praia, coisa que parecia melhor ideia em teoria que na prática. Mas realmente ficar fechada todo o dia não é opção, e de manhã fui até à piscina, até ser expulsa pela chuva.

À tarde resolvi pôr pés a caminho e dar um salto à praia. E assim que pisei a areia começo a ouvir os apitos dos nadadores salvadores. Nesta praia eles não apitam para avisar os banhistas incautos dos percalços do mar, mas sim para avisar que vem aí chuva da boa. Realmente não era dia de ir à praia.

Quando a bátega passou, rumei à piscina novamente. A maravilha destes climas tropicais é que nunca faz frio, mesmo quando chove, por isso assim que a chuva passa, basta esperar uns minutos e tudo está pronto para ser desfrutado novamente. E ler à beira da piscina também não é programa que me desagrade, principalmente porque o ambiente era simpático e tranquilo. Como sempre, o truque é tirar o melhor partido de todas as situações.

Para a noite o peixinho vermelho já estava mais arrebitado, conseguiu petiscar qualquer coisa, e a visita à baía de Phang Nga que estava marcada para o dia seguinte parecia que se iria concretizar. A aventura continuava.

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O nosso melhor amigo contra as picadas de mosquito, nariz entupido e dores musculares. Trouxemos uns quantos connosco.
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Assim que cheguei à praia parecia que o céu me ia cair em cima da cabeça.
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Nada que impeça pessoas que vieram do outro lado do mundo de aproveitar a água quentinha!
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Final da tarde, finalmente uns raios de sol.
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A moeda serve de escala. As bananas, minúsculas, eram deliciosas.
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Já o Kit Kat de chá verde era… esquisito!

4º Dia – Passeio à Cidade Velha

 

Mais uma vez o dia amanheceu com chuva, e as ondas da praia ao pé de nós rivalizavam com as da Ericeira. O dia não convidava a banhos, apesar de quente, e em vez disso resolvemos ir até à cidade velha de Phuket. Tínhamos lido alguma coisa sobre ela e sabíamos que íamos encontrar alguma arquitectura sino-portuguesa pitoresca, bem como alguma Ásia mais genuína e menos enlatada que aquela que tínhamos ao pé do resort.

O senão é que ir até lá de tuc-tuc não era aconselhável pela distância e estado das estradas, e de táxi era caro, cerca de 40 euros ir e voltar. (Phuket é surpreendentemente não barato, talvez devido a ser muito turístico, com turismo essencialmente americano, inglês e asiático). A solução foi-nos apresentada pela Nokki, a nossa intermediária da agência de viagens. Ir de autocarro. Umas carripanas velhas, onde podíamos ir amontoados com outros turistas e demorar 1h a fazer 12km, mas gastar apenas 35 bahts (0.90 €) cada um. Assunto resolvido, estava decidido que iríamos de autocarro. E foi uma experiência do mais cómico que pode haver, geraram-se amizades familiares e íntimas com os outros passageiros, e passei a ter muito mais apreço pelo meu 758 diário que tanto me desespera.

Uma hora depois chegámos à cidade de Phuket, com um mapa na mão e apenas uma vaga ideia de onde estava o que queríamos realmente ver. Nada que nos preocupasse, normalmente é assim que gostamos de fazer os nossos passeios e descobrir alguns tesouros. A cidade tinha realmente edifícios lindíssimos e pitorescos, e tudo era motivo fotográfico. As pessoas, tal como na praia, primavam pela simpatia, e sorriam a todo o instante. Umas moças numa janela cumprimentaram efusivamente o peixinho vermelho e eu demorei um bocadinho a perceber que se calhar era mais do que simpatia inocente (até porque a mim, curiosamente, ignoraram-me).

Depois de muitos terem insistido, finalmente sucumbimos a um condutor de tuc-tuc mais persistente que nos queria mostrar a cidade no seu veículo. Por cerca de 5 euros, levou-nos a um templo local, uma loja de souvenirs, deixou-nos a passear na “baixa” da cidade, e mais tarde passou para nos buscar e nos deixar num mercado. Não aquele que realmente queríamos e que nunca conseguimos encontrar, mas mesmo assim um mercado. Valeu pela experiência de andar de tuc-tuc pelas ruas da cidade e para descobrirmos exactamente a melhor rua para ver. O mercado era enorme, cheio de malas, roupas, chinesices generalizadas. E melhor que tudo, tinha ar condicionado, e permitiu-nos andar um bocadinho fugidos ao calor. Depois de algumas compras lá ganhamos coragem para fazer o pequeno mas desafiante percurso de volta ao centro da cidade, para procurar um sitio onde pudéssemos almoçar com ar condicionado. Apesar da chuva intermitente e do céu fechado, o calor era sempre sufocante. Comemos num sitio patusco, auto intitulado a melhor casa de panquecas, onde tudo era feito com panquecas, incluindo os hamburguers. E com isso selámos o nosso destino.

Depois de tanta passeata já estávamos cansados e resolvemos voltar ao autocarro, que ainda tínhamos 1h de caminho de volta. O regresso foi tão animado como a ida, autocarro cheio, pessoas sentadas no chão, calor abafado, e o peixinho vermelho a ficar progressivamente mais verde à medida que nos aproximavamos do destino. Quando chegámos a Kata ele já estava a precisar de descanso, e resolvemos recolher ao fresquinho do quarto. Com o passar do tempo as coisas foram piorando, ele ficou com febre, e percebemos que a viagem às ilhas Phi Phi que tinhamos planeado para o dia seguinte já não seria possível. Mais uma vez fomos acolhidos com imensa simpatia, e a Nokki não só remarcou sem mais demoras, como se ofereceu para nos chamar um médico se fosse preciso. Mas só precisávamos de sopas e descanso. Neste caso chá e torradas. Não era a primeira vez que estávamos doentes em viagem, já em Paris eu tinha precisado de cuidados médicos, mas é sempre algo que desanima um bocadinho.

O próximo dia seria uma incógnita, até porque a chuva tinha voltado em força. Mais aventuras nos esperavam.

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Uma amostra do autocarro acolhedor.
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Um exemplo da arquitetura típica de Old Phuket Town
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Encontrávamos altares como estes por todo o lado, sempre com ofertas como leite e fruta.
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O charme dum velho casarão
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O antigo posto dos correios que é hoje um museu filatélico
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O tuc-tuc, pois claro!
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A arquitetura sino-portuguesa do centro da cidade.
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As cores!
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Em cada casa uma explosão de cor.
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Pézinhos no chão.
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Os azulejos eram maravilhosos.
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Casamento, thai style!
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O Peixinho descobre livrarias até nos sítios mais improváveis.
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O pôr-do-sol chega cedo nestas latitudes
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O famoso autocarro que levava mais de 40 pessoas empacotadas. Uma experiência a não perder.