Acabei de Ler – Os Crimes do Verão de 1985

os crimes do verao de 1985

Aproveitando o hype que este livro está a ter um pouco por todo o Booktube português, e juntando ao facto que este ano quero efectivamente ler mais literatura portuguesa, resolvi ler este livro em Abril. Thriller não é o meu género de eleição, mas estava a apetecer-me uma coisa que me permitisse passar as páginas rapidamente, e este pareceu uma boa aposta.

Este livro é passado na ilha do Poço Negro, uma ilha ficcional ao largo de Lisboa, onde em 1985 desapareceram 2 crianças e a sua babysitter numa noite de tempestade. É também a ilha natal de Ademar Leal, um jornalista muito famoso, furioso investigador da verdade a qualquer custo, e que começou a sua carreira a cobrir este acontecimento trágico que assolou a sua ilha. Mas agora, 27 anos depois, novas pistas aparecem, e há novamente movimento no caso. Será que as crianças ainda estão vivas? O que será que realmente aconteceu?

Não costumo ler thrillers portugueses, como disse, porque acho que normalmente os autores portugueses não dominam este género. No entanto, fiquei muito surpreendida com este livro. A acção corre a um ritmo muito bom, sem paragens aborrecidas mas sem uma vertigem que nos faça perder o fio à meada. As voltas da história fazem todas sentido, e encaixam bem umas nas outras, os personagens são interessantes e queremos saber o que lhes acontece. Foi um livro que me deu muito prazer ler, e que de algum modo reacendeu a minha vontade de ler em 2024. Só por isso já valeu muito a pena.

Só não foi uma leitura de 5 estrelas por alguns pormenores que achei menos bem conseguidos (que não vou falar aqui porque são spoilers), e o final fica um bocadinho aquém da mestria do resto do enredo, mas confesso que essa é uma das razões pelas quais eu normalmente não leio thrillers, porque o final me desilude sempre um bocadinho. Eu culpo a Agatha Christie, que me habituou mal na juventude, com finais sempre surpreendentes e bem conseguidos.

De qualquer modo, dei o meu tempo por muito bem empregue. Estava mesmo investida na história e queria saber o que aconteceu à Beatriz. Recomendo não só a quem gosta de thrillers, mas também a quem quer diversificar a leitura de autores portugueses. Vão gostar.

Rumo ao próximo. Até lá, Boas Leituras!

Goodreads Review

Acabei de Ler – The Heart Is a Lonely Hunter

the heart is a lonely hunter

Keep scrolling if you prefer to read in English.

Já tinha ouvido falar deste livro muitas vezes, em muitos dos canais que sigo, e sempre fiquei fascinada pelo título. Por algum motivo foi agora que lhe resolvi pegar, finalmente. Como quase sempre, não li sinopse, nem nada sobre o livro, mas neste caso isso não jogou muito a meu favor. Por ter chegado a ele por redes sociais, sempre focadas no imediato, assumi que era um livro contemporâneo. Quando comecei a ler, percebi que era passado nos anos 40 do século passado, no interior sul dos Estados Unidos, pensei que era ficção histórica. Quando terminei e fui finalmente ler alguma coisa sobre o livro e a autora, percebi que tinha sido escrito em 1940, e de algum modo este pormenor faz toda a diferença, e já explicarei porquê.

Como já disse, o livro passa-se numa cidade rural e empobrecida do sul dos Estados Unidos, no início da Segunda Guerra Mundial. O personagem principal é Mr. Singer, um mudo que usa as mãos para comunicar com o seu melhor amigo e companheiro de casa também mudo, Antonapoulos.  Quando o amigo parte para ser institucionalizado a pedido da família, Mr. Singer torna-se extremamente solitário, e acaba por atrair a si 4 pessoas muito diferentes. O dono de um café local (Biff Brannon), uma jovem com cerca de 13 anos (Mick Kelly), um mecânico migrante, violento e activista social (Jake Kelly) e um médico negro (Dr. Copeland). Estes quatro personagens quase não interagem entre si, mas todos gravitam em torno do mudo, que é o perfeito ouvinte. Nele projectam as melhores qualidades, e nele depositam toda a esperança. Simultaneamente, Mr. Singer vive na esperança de conseguir voltar a viver com o seu melhor amigo. Com Antonapolous Singer comunicava fervorosamente, as mãos velozes a construir palavras e frases, partilhando o dia a dia, e desde que ele partiu, as mãos teimam em não sair dos bolsos.

Todas estas vidas são profundamente tristes, e de algum modo todos falham os seus maiores sonhos, por vezes de maneira espectacular. A trama não é muito intensa, mas as emoções e a construção social que se percebe nesta narrativa é muito poderosa. Demorei quase um mês a ler este livro, saboreando devagar o desenrolar destas tramas. Apesar de ser triste e de algum modo desesperante, não é um livro depressivo. O facto de saber que foi escrito em 1940, mostra que a autora tinha um grande discernimento e capacidade de análise da realidade que a rodeava, que tinha interesse nas desigualdades sociais, numa altura em que isso era ainda mais difícil, e fez com que eu respeitasse ainda mais a visão da obra.

Recomendo a todos os que gostam de boa literatura, daquela que nos desafia e nos obriga a pensar no que nos rodeia.

Rumo ao próximo, até lá Boas Leituras!

Goodreads Review

I’ve see many people talk about this book in many of the social media channels I follow, and I was always fascinated by the title. For some reason, I decided now was the time to pick it up. I read nothing about it, as I usually do, but this time maybe I should have, for context. As I knew about it through social media, I assumed it was a contemporary book. When I started reading and realised it was set in the USA Deep South, in the early 1940’s, I assumed it was historical fiction. When I finally finished it and started researching about the author, I finally understood it had been written in 1940, and somehow that detail made all the difference.

As I said before, the book is set in a rural and impoverished area of the south of the USA, in the beginning of WWII. The main character is Mr. Singer, a mute that uses his hands to communicate with his roommate and best friend also mute, Antonapoulos. When he leaves to be institutionalised, as per his family request, Mr. Singer turns into a very lonely man, towards whom 4 very different people will gravitate. Biff Brannon, owner of the local dinner, Mick Kelly, a young girl with 13 years old, Jake Kelly, a migrant mechanic, social activist prone to violence and Dr. Copeland, a black doctor, widowed and estranged from his children. These characters interact mostly with Mr. Singer, who is the perfect listener and to whom they project the best human traits, and all their hopes. Simultaneously, Singer lives in the hope of being reunited with his best friend, Antonapoulos, with whom he communicated fervently, his hands fast constructing sentences and conversations. Same hands that he has kept in his pockets ever since his friend’s departure.

All these lives are profoundly sad, and in some way they all fail in achieving their lives’ goals, sometimes in a spectacular way. The plot is not very complex, but the emotions and social commentary that we can perceive in this narrative is very powerful. It took me almost an entire month to finish this book, slowly appreciating the story unfold. Despite being sad, somewhat disheartening, it is not a depressive book. Knowing it was written in 1940 shows that the author had a very keen eye for social analysis, was interested in the social inequalities in a time when that was not the norm, and made me respect this work so much more.

I recommend it to everyone that loves good literature, the kind that challenges and makes us think about the world around us.

On to the next. Happy Reading!

Insinceridade

Vasco Graça Moura

quis-nos aos dois enlaçados
meu amor ao lusco-fusco
mas sem saber o que busco:
há poentes desolados
e o vento às vezes é brusco

nem o cheiro a maresia
a rebate nas marés
na costa de lés a lés
mais tempo nos duraria
do que a espuma a nossos pés

a vida no sol-poente
fica assim num triste enleio
entre melindre e receio
de que a sombra se acrescente
e nós perdidos no meio

sem perdão e sem disfarce,
sem deixar uma pegada
por sobre a areia molhada,
a ver o dia apagar-se
e a noite feita de nada

por isso afinal não quero
ir contigo ao lusco-fusco,
meu amor, nem é sincero
fingir eu que assim te espero,
sem saber bem o que busco.

Vasco Graça Moura 

Finalistas do Women’s Prize for Fiction 2024

WPFF - shorlist 2024

Foi anunciada no passado dia 24 de Abril a lista de finalistas ao Women’s Prize for Fiction 2024. Este ano são tantos e tão bons prémios que já começo a ter dificuldade em seguir e escolher que livros ler de cada uma das listas. Talvez por isso ainda não li nenhum dos nomeados a prémio nenhum, coisa que tenciono corrigir em breve.

Aqui vão as seis finalistas, com algumas considerações e expectativas minhas.

The Wren, The Wren de Anne Enright – um livro de prosa sobre um poeta irlandês e o impacto das suas acções em três gerações de mulheres, a sua mulher, as suas filhas e a sua neta. Uma espécie de prosa poética sobre abandono, identidade, herança cultural e emocional. Esta autora já ganhou um Booker Prize com um dos seus livros anteriores, por isso este promete. 3.58 no Goodreads e 283 páginas.

Brotherless Night de V.V. Ganeshananthan – Mais uma ficção histórica, mas esta passada em 1981 no Sri Lanka, o que me parece muito interessante. A luta duma jovem de 16 anos para cumprir o seu sonho de se tornar médica, num país que está a ser devastado por uma guerra civil, na qual todos os seus irmãos estão envolvidos. As dificuldades que encontra, e as atrocidades que testemunha, vão mudá-la para sempre. Com 4.44 no Goodreads, e 348 páginas é um bom candidato às minhas listas de leitura.

Restless Dolly Maunder de Kate Grenville – a história duma mulher de Nova Gales do Sul no final do século XIX, que não se conforma com os limites impostos às escolhas das mulheres, e que vai lutar para viver a sua vida exactamente como a quer viver. Baseado na vida da avó desta autora australiana, tem 4.02 no Goodreads, 256 páginas e algum potencial. No entanto, por algum motivo embirro com este título e não está na minha lista de prioridades.

Enter Ghost de Isabella Hammad – Este livro tem 336 páginas, 4.07 no Goodreads e é sobre uma actriz que regressa à Palestina e acaba por ser envolvida numa produção de Hamlet. Mas, independentemente de tudo isto, a personagem principal chama-se Sonia e só isso já faz valer a pena ler este livro. Tenho também visto algumas boas críticas por aí, parece-me um excelente candidato.

Soldier Sailor de Claire Kilroy – mais um livro que retrata a experiência da maternidade, parece haver bastantes neste tema ultimamente. Claire Kilroy é uma escritora irlandesa, e a linguagem parece bastante poética. 4.17 no Goodreads e 240 páginas.

River East, River West de Aube Rey Lescure – mais um livro de estreia nesta lista, desta vez sobre a realidade chinesa moderna. Uma história de crescimento e drama familiar, e sobre imigração no sentido contrário. 4.11 no Goodreads e 352 páginas, não estou muito inclinada para o ler ainda.

E vocês, já leram algum destes? Digam de vossa justiça.

Boas Leituras!

A Fala do Rosto

jose-tolentino-mendonca

És Tu quem nos espera
nas esquinas da cidade
e ergue lampiões de aviso
mal o dia se veste
de sombra

Teu é o nome que dizemos
se o vento nos fere de temor
e o nosso olhar oscila
pela solidão
dos abismos

Por Ti é que lançamos as sementes
e esperamos o fruto das searas
que se estendem
nas colinas

Por ti a nossa face se descobre
em alegria
e os nossos olhos parecem feitos
de risos

É verdade que recolhes nossos dias
quando é outono
mas a Tua palavra
é o fio de prata
que guia as folhas
por entre o vento

José Tolentino de Mendonça 

Feira do Livro de Lisboa 2024

FLL2024

É já daqui a sensivelmente um mês que a Feira do Livro volta a acontecer, no seu local habitual no Parque Eduardo VII. Vai de correr de 29 de Maio a 16 de Junho, mais que tempo para darmos lá uma voltinha, ou mais, consoante o gosto.

O ano passado levei lá o carapau pela primeira vez. Apanhámos uma história infantil a ser contada, que ele muito apreciou, e escolhemos um livro para ele trazer. Mas deu apenas para ver metade da feira, e para o final já com esforço, que a criatura é pouco dada a coisas para ver, em vez de coisas para fazer, como parques e afins. Mas é um apreciador de livros, e há que cultivar esse gosto, porque é uma ferramenta para a vida.

Por isso este ano tenciono levar o carapau novamente, e talvez consiga eu própria dar lá uma escapadinha para ver livros para mim.

E vocês, já planearam a vossa visita? Mantenham-se a par de tudo, incluindo livros do dia e afins, no site da Feira, aqui.
Boas Leituras!

Finalistas do International Booker 2024

international booker 2024 shortlist

Foi anunciada no passado dia 9 de Abril a lista de finalistas ao International Booker Prize 2024, que premeia autores traduzidos para inglês nos últimos 12 meses.

Ainda não tive oportunidade de me debruçar muito sobre esta lista, porque como já disse aqui mil vezes, tenho andado em modo de poucas leituras, mas tendencialmente tenho retirado desta lista em anos anteriores muitas leituras boas. Por isso aqui deixo os finalistas, e devo dizer que há alguns que queria mesmo ler, e já estão no meu Kindle.

  • Not a River de Selva Almada, traduzido por Annie McDermott – Selva Almada, não só tem um nome fenomenal, como é uma escritora de renome na sua Argentina Natal, e no mundo latino-americano em geral. Este livro foi agora traduzido para inglês e conta uma daquelas histórias-não-histórias, que contam pela interação entre as personagens e pelo ambiente, mais que pelo desenrolar da acção. Neste caso, a interação entre dois homens e um adolescente que vão pescar para uma ilha e acabam por alienar a população local com as suas atitudes. 4.01 no Goodreads e 104 páginas. Entretanto o Jack Edwards, aka o rei do booktube, não achou este livro fascinante, por isso o meu entusiasmo esmoreceu um bocadinho.
  • Kairos de Jenny Erpenbeck, traduzido por Michael Hofmann – autora alemã, traz-nos uma história de amor que começa em Berlim Oriental algures nos anos 80 do século passado. A sua evolução complicada vai espelhar o declínio da Alemanha de Leste, e a adaptação a um mundo completamente diferente. 3.54 no Goodreads, com algumas críticas mornas e  379 páginas que também não ajudam. Mas tenho visto boas reações a este livro, e algumas más reações que mesmo assim espicaçaram a minha curiosidade, por isso já está no meu kindle.
  • Mater 2-10 de Hwang Sok-yong, traduzido por Sora Kim-Russell e Youngjae Josephine Bae – uma ficção épica, transgeracional sul-coreana, que atravessa um século de história, até chegar ao século XXI, e se foca em trabalhadores dos caminhos de ferro e de uma fábrica. Parece ser bastante interessante, mas grandito (486 páginas). 3.89 no Goodreads.
  • What I’d Rather Not Think About de Jente Posthuma, traduzido por Sarah Timmer Harvey – a narradora desta história tem um irmão gémeo que na idade adulta decide pôr termo à vida. A irmã que fica vai contar a sua história, através da sua perspectiva, de alguém que está a sofrer e zangada ao mesmo tempo. Parece-me muito interessante, principalmente porque não foi escrito dum modo pesado. 224 páginas e 3.84 no Goodreads, parece-me um bom candidato.
  • The Details de Ia Genberg, traduzido por Kira Josefsson – autora sueca que nos trás as memórias duma mulher febril, e a história das 4 pessoas que mais impactaram a sua vida. Com apenas 112 páginas, tem potencial para ser uma pequena pérola. 3.91 no Goodreads.  
  • Crooked Plow de Itamar Vieira Junior, traduzido por Johnny Lorenz – Torto Arado, dum autor brasileiro, não preciso obviamente de ler a tradução e já anda no meu radar há bastante tempo. A história de duas irmãs descendentes duma familia que trabalha nos campos há muitas gerações, e que têm uma visão de vida completamente diferente. 280 páginas e 4.54 no Goodreads, o que é impressionante.

Já leram algum? Está algum na vossa lista de livros a ler? Digam-me de vossa justiça.

Boas Leituras!

História Clínica

joao luis barreto guimaraes

As mamas da Dona Ana eram um
sítio maravilhoso. Maduras (qual
par de mangas) de entre elas saíam
coisas extraordinárias
(notas de 5 para os netos
lenços bordados no Minho) uma ou
outra medalha do mau-génio
do marido. Dessa vez veio à cidade e
o doutor ficou com uma –
ela deixou de poder encravar no meio delas
tudo aquilo e os santinhos
(deste lado uma colina alta e generosa desse
um prado dividido). Num ano
levou-lhe a outra e outra levou-lhe
o marido (ainda há mulheres com sorte:)
está enfim
livre de perigo.

João Luis Barreto Guimarães in Você está Aqui

Pedra Tumular

couto

A minha geração fugiu à guerra,
Por isso a paz que traz não tem sentido:
É feita de ignorância e de castigo,
Tão rígida e tão fria como a pedra.

Desfazem-se-lhe as mãos em gestos frágeis,
Duma verdade inútil por vazia,
E a língua imóvel nega o som à vida,
Por hábito ou por falta de coragem.

Se há rumores lá de fora, às vezes, lembra:
Porque é que pulsa o coração do mundo,
Precipitado, angustioso, ardente?

Mas depressa submerge na indiferença
– Que lhe deram um túmulo seguro;
E o relógio dá-lhe horas certas, sempre.

António Manuel Couto Viana

Finalistas do Women’s Prize for Non-Fiction 2024

WPFNF - shortlist 2024

Foi no passado dia 27 de Março que saiu a lista de finalistas ao novo prémio literário, o Women’s Prize for Non-Fiction, que pretende distinguir mulheres que tenham investigado e documentado um tema. Achei a lista de nomeados interessante, e com muitas possibilidades de boas leituras. Mas acabei por não pegar em nenhuma, porque passei o mês de Março quase todo com os mesmos dois livros, e ainda não consegui passar disso.

Quanto às finalistas, estou dividida. Três delas estavam definitivamente na minha lista de livros para ler, as outras três pareceram-me ter potencial de aborrecimento associado. Em todo o lado que tenho visto falar disto, Doppelganger parece ser consensualmente aclamado, e está certamente no topo dos meus interesses.

Deixo-vos novamente um resumo das sinopses.

All That She Carried, de Tiya Miles – Algures nos anos de 1850 no sul americano, uma escrava de nome Rose deu à sua filha Ashley, de 9 anos, um saco com alguns pertences como prova do seu amor, e como ajuda à sua sobrevivência. Foram posteriormente separadas e a filha foi vendida. Décadas mais tarde, a bisneta de Ashley encontra o saco e borda-o com palavras de amor. Esta história dá o mote para a autora ir pesquisar mais sobre estas mulheres, e com isso fazer um retrato de resiliência e sobrevivência. Grandito, com 385 páginas, e 3.95 no Goodreads.

Code Dependent, de Madhumita Murgia – uma reflexão sobre o impacto da tecnologia moderna, especialmente a inteligencia artificial, no significado de ser humano, nas nossas relações sociais e na nossa identidade. 4.16 no Goodreads, e 320 páginas, este não está no topo das minhas prioridades.

A Flat Place, de Noreen Masud – A visão duma mulher habituada às montanhas do Paquistão e da Escócia sobre as planícies inglesas, dum modo quase poético, e reflectivo sobre o pós-colonialismo. 4.31 no Goodreads e 256 páginas.

Thunderclap, de Laura Cumming – Mais uma reflexão semi-poética, neste caso sobre a pintura e sua relação com a vida real, ou como pode afectar o nosso modo de pensar e ver a vida. Este relâmpago do título refere-se ao som duma explosão de pólvora em Delft em 1652, que devastou a cidade e se ouviu a muitos kilómetros de distância. Nessa explosão morreu Carel Fabritius, um pintor que ficou apenas com um quadro conhecido, e do qual pouco se sabe. Tem uma premissa engraçada, mas é daqueles que podem ser muito giros ou muito chatos. Tem 4.23 no Goodreads, o que é sempre boa indicação e umas apetecíveis 272 páginas.

Doppelganger, de Naomi Klein – a autora deste livro partilha o nome com uma “influencer chalupa” das redes sociais, e é algumas vezes confundida com ela. Isso desperta-lhe a atenção e é o mote para analisarmos algumas destas tendências estranhas, como ser anti-vacinação, ou não acreditar nas alterações climáticas, e afins. Uma espécie de retrato dos nossos tempos, e uma reflexão sobre a identidade. 4.26 no Goodreads, parece-me muito interessante, apesar das 416 páginas.

How to Say Babylon, de Safiya Sinclair – a autora é jamaicana, filha dum rastafari muito rígido, e que impedia as suas filhas de qualquer vida social, para manter a sua pureza e defendê-las da Grande Babilónia. Um olhar sobre uma cultura de qual se fala pouco, por quem a viveu de perto. Mais um que promete. 4.49 no Goodreads e 352 páginas, está definitivamente na minha lista de livros a ler.

Já leram algum? O que acharam? Outras não-ficções que achem interessantes e me queiram sugerir? Fico à espera!

Boas Leituras!