Acabei de Ler – Os Crimes do Verão de 1985

os crimes do verao de 1985

Aproveitando o hype que este livro está a ter um pouco por todo o Booktube português, e juntando ao facto que este ano quero efectivamente ler mais literatura portuguesa, resolvi ler este livro em Abril. Thriller não é o meu género de eleição, mas estava a apetecer-me uma coisa que me permitisse passar as páginas rapidamente, e este pareceu uma boa aposta.

Este livro é passado na ilha do Poço Negro, uma ilha ficcional ao largo de Lisboa, onde em 1985 desapareceram 2 crianças e a sua babysitter numa noite de tempestade. É também a ilha natal de Ademar Leal, um jornalista muito famoso, furioso investigador da verdade a qualquer custo, e que começou a sua carreira a cobrir este acontecimento trágico que assolou a sua ilha. Mas agora, 27 anos depois, novas pistas aparecem, e há novamente movimento no caso. Será que as crianças ainda estão vivas? O que será que realmente aconteceu?

Não costumo ler thrillers portugueses, como disse, porque acho que normalmente os autores portugueses não dominam este género. No entanto, fiquei muito surpreendida com este livro. A acção corre a um ritmo muito bom, sem paragens aborrecidas mas sem uma vertigem que nos faça perder o fio à meada. As voltas da história fazem todas sentido, e encaixam bem umas nas outras, os personagens são interessantes e queremos saber o que lhes acontece. Foi um livro que me deu muito prazer ler, e que de algum modo reacendeu a minha vontade de ler em 2024. Só por isso já valeu muito a pena.

Só não foi uma leitura de 5 estrelas por alguns pormenores que achei menos bem conseguidos (que não vou falar aqui porque são spoilers), e o final fica um bocadinho aquém da mestria do resto do enredo, mas confesso que essa é uma das razões pelas quais eu normalmente não leio thrillers, porque o final me desilude sempre um bocadinho. Eu culpo a Agatha Christie, que me habituou mal na juventude, com finais sempre surpreendentes e bem conseguidos.

De qualquer modo, dei o meu tempo por muito bem empregue. Estava mesmo investida na história e queria saber o que aconteceu à Beatriz. Recomendo não só a quem gosta de thrillers, mas também a quem quer diversificar a leitura de autores portugueses. Vão gostar.

Rumo ao próximo. Até lá, Boas Leituras!

Goodreads Review

Acabei de Ler – The Heart Is a Lonely Hunter

the heart is a lonely hunter

Keep scrolling if you prefer to read in English.

Já tinha ouvido falar deste livro muitas vezes, em muitos dos canais que sigo, e sempre fiquei fascinada pelo título. Por algum motivo foi agora que lhe resolvi pegar, finalmente. Como quase sempre, não li sinopse, nem nada sobre o livro, mas neste caso isso não jogou muito a meu favor. Por ter chegado a ele por redes sociais, sempre focadas no imediato, assumi que era um livro contemporâneo. Quando comecei a ler, percebi que era passado nos anos 40 do século passado, no interior sul dos Estados Unidos, pensei que era ficção histórica. Quando terminei e fui finalmente ler alguma coisa sobre o livro e a autora, percebi que tinha sido escrito em 1940, e de algum modo este pormenor faz toda a diferença, e já explicarei porquê.

Como já disse, o livro passa-se numa cidade rural e empobrecida do sul dos Estados Unidos, no início da Segunda Guerra Mundial. O personagem principal é Mr. Singer, um mudo que usa as mãos para comunicar com o seu melhor amigo e companheiro de casa também mudo, Antonapoulos.  Quando o amigo parte para ser institucionalizado a pedido da família, Mr. Singer torna-se extremamente solitário, e acaba por atrair a si 4 pessoas muito diferentes. O dono de um café local (Biff Brannon), uma jovem com cerca de 13 anos (Mick Kelly), um mecânico migrante, violento e activista social (Jake Kelly) e um médico negro (Dr. Copeland). Estes quatro personagens quase não interagem entre si, mas todos gravitam em torno do mudo, que é o perfeito ouvinte. Nele projectam as melhores qualidades, e nele depositam toda a esperança. Simultaneamente, Mr. Singer vive na esperança de conseguir voltar a viver com o seu melhor amigo. Com Antonapolous Singer comunicava fervorosamente, as mãos velozes a construir palavras e frases, partilhando o dia a dia, e desde que ele partiu, as mãos teimam em não sair dos bolsos.

Todas estas vidas são profundamente tristes, e de algum modo todos falham os seus maiores sonhos, por vezes de maneira espectacular. A trama não é muito intensa, mas as emoções e a construção social que se percebe nesta narrativa é muito poderosa. Demorei quase um mês a ler este livro, saboreando devagar o desenrolar destas tramas. Apesar de ser triste e de algum modo desesperante, não é um livro depressivo. O facto de saber que foi escrito em 1940, mostra que a autora tinha um grande discernimento e capacidade de análise da realidade que a rodeava, que tinha interesse nas desigualdades sociais, numa altura em que isso era ainda mais difícil, e fez com que eu respeitasse ainda mais a visão da obra.

Recomendo a todos os que gostam de boa literatura, daquela que nos desafia e nos obriga a pensar no que nos rodeia.

Rumo ao próximo, até lá Boas Leituras!

Goodreads Review

I’ve see many people talk about this book in many of the social media channels I follow, and I was always fascinated by the title. For some reason, I decided now was the time to pick it up. I read nothing about it, as I usually do, but this time maybe I should have, for context. As I knew about it through social media, I assumed it was a contemporary book. When I started reading and realised it was set in the USA Deep South, in the early 1940’s, I assumed it was historical fiction. When I finally finished it and started researching about the author, I finally understood it had been written in 1940, and somehow that detail made all the difference.

As I said before, the book is set in a rural and impoverished area of the south of the USA, in the beginning of WWII. The main character is Mr. Singer, a mute that uses his hands to communicate with his roommate and best friend also mute, Antonapoulos. When he leaves to be institutionalised, as per his family request, Mr. Singer turns into a very lonely man, towards whom 4 very different people will gravitate. Biff Brannon, owner of the local dinner, Mick Kelly, a young girl with 13 years old, Jake Kelly, a migrant mechanic, social activist prone to violence and Dr. Copeland, a black doctor, widowed and estranged from his children. These characters interact mostly with Mr. Singer, who is the perfect listener and to whom they project the best human traits, and all their hopes. Simultaneously, Singer lives in the hope of being reunited with his best friend, Antonapoulos, with whom he communicated fervently, his hands fast constructing sentences and conversations. Same hands that he has kept in his pockets ever since his friend’s departure.

All these lives are profoundly sad, and in some way they all fail in achieving their lives’ goals, sometimes in a spectacular way. The plot is not very complex, but the emotions and social commentary that we can perceive in this narrative is very powerful. It took me almost an entire month to finish this book, slowly appreciating the story unfold. Despite being sad, somewhat disheartening, it is not a depressive book. Knowing it was written in 1940 shows that the author had a very keen eye for social analysis, was interested in the social inequalities in a time when that was not the norm, and made me respect this work so much more.

I recommend it to everyone that loves good literature, the kind that challenges and makes us think about the world around us.

On to the next. Happy Reading!

Acabei de Ler – Pucking Around

pucking around

Keep scrolling if you prefer to read in English.

Parece impossível eu fazer 3 posts quase seguidos sobre belíssimas listas literárias com livros upa upa, e vir aqui falar dum romançolas logo de seguida. Mas a vida é mesmo assim, e terminei este menino há muitas semanas atrás, mas nem sabia bem como vir aqui falar dele.

Esta autora é muito prolífica a escrever romance, desde fantasia a romance histórico, e enveredou também pela loucura dos romances com desportistas, no caso deste livro o hóquei. Não tenho nada contra a modalidade, e confesso que foi a parte mais engraçada do livro. Rachel é a nossa personagem principal, é fisioterapeuta especializada em lesões desportivas, e vai fazer um estágio numa recém-formada equipa de hóquei. Lá chegada, descobre que um dos jogadores (Jake) foi um tipo com quem passou uma noite há dois meses atrás, mas que acha que é a sua alma gémea (já aqui tinha dito o quanto eu não gosto desta trope de instalove? Creio que sim, mas este livro é o exemplo perfeito do porquê). Mais uma vez, expliquem-me como é que se desconfia que alguém é a nossa alma gémea só por se passar uma noite? Quando se reencontram, as coisas retomam mais ou menos onde tinham ficado. Mas parece que sabia a pouco, e vai daí que se adiciona o melhor amigo do Jake, o Caleb, para apimentar a coisa. E quando eles estão caidinhos por ela, ela decide que afinal ainda tem um ratinho, e resolve acrescentar mais um gigante finlandês à equação. Depois disto o resto do livro é só uma tentativa de conseguir todas as permutações possíveis com este conjunto de pessoas, com descrições longuíssimas de ramboia. Nada contra, mas faltava tudo o resto para fazer disto um livro suportável. O que me chateou mais foi a personagem principal não fazer sentido nenhum nas suas decisões, diálogos, monólogos internos.

Acho que a pergunta mais relevante que se pode fazer é: considerando que este bicho tem quase 800 páginas, porque raio é que não desisti a meio? Em minha defesa, as cenas de sexo são lidas muito na diagonal, o que retira logo 2/3 das páginas. Mesmo assim acho que só perseverei, porque como tenho dito por aqui não tenho tido cabeça para livros mais sérios.

Não recomendo a ninguém, a história é quase infantil, a personagem principal é desesperante, e como disse anteriormente, só se salvaram algumas descrições dos jogos que hóquei. Se forem como eu, não resistem a ir ler, porque eu peguei neste livro depois de ver uma péssima review do Jack Edwards, o rapazinho do Youtube que tem um gosto parecido com o meu.

Espero que as próximas leituras sejam melhores e mais interessantes. Boas Leituras!

Goodreads Review

It seems impossible that I just made 3 posts with some really good award deserving longlists, and after that I come here to review a hockey romance. But that’s life around here. I finished this bad boy a few weeks ago, and I almost didn’t know what to say about it.

This is a very prolific romance author, from fantasy to regency and also the sports romances, namely the new craze of hockey romance. I have nothing against this sport, and the game descriptions were actually the best part of this book, in my humble opinion. Rachel, the main character, is a physical therapist, specialized in sports. She earns an internship in a newly formed hockey team, and this is the starting point for this story. When she gets there, she finds out the one night stand she had 2 months before is actually one of the players (Jake). This comes in handy, as she felt he was her soulmate, and was missing him. Have I told you recently how much I hate the instalove trope? I’m sure I did, but books like this one are the main reason for it. How can you decide that someone is your soulmate after one night, regardless of how incredible the sex was? Anyway, once they get reacquainted, they pick up where they left off, and go from there. But Rachel is not satisfied, and decides to add Caleb, Jake’s best friend, to the mix. But she is still missing just a little something, so she decides to throw in as well Mars, a giant Finnish goalie. After this the book is just a series of permutations between all four of them, in all combinations possible (and some that I found really unlikely, but hey, I’m not that athletic, maybe they are possible). Nothing against some spice, but this was all there was. The book lacked a strong story, the characters motivations and dialogues made no sense, and the main character was super annoying.

The relevant question here is: considering this book is almost 800 pages long, why did I keep on reading it? In my defence, 2/3 of the book was spice, and I just skimmed through those pages. But I think I lacked concentration and focus to read something more serious, so I stuck with this even though I was not really enjoying it.

I don’t recommend this book to anyone, the story is childish, at best. But if you are even a bbit like me, you will end up reading it. I picked it up after seeing this terrible review from Jack Edwards, the young British guy that has a book taste similar to mine.

I hope my next reads are better. Happy Reading!

Acabei de Ler – Get Lucky

lila monroe

Keep scrolling if you prefer to read in English.

Sei que já pareço um disco riscado, mas está realmente a ser um ano difícil para a leitura. A vida anda muito intensa, com muitos plot twists, e isso deixa pouco espaço mental para me perder nos livros. Nessas alturas, nada como um bom romançolas para desanuviar. Já nem sei como cheguei a este, mas por acaso cumpriu perfeitamente o seu propósito, entreter nas viagens de autocarro.

Lila Monroe, a autora, é especialista em escrever comédias românticas, daquelas que servem para nos deixar bem dispostas e de coração quente. Esta foi uma delas, e que cumpriu lindamente os requisitos. Imaginem se A Ressaca fosse um livro, e em vez de 3 amigos parvos tivessemos um casal de desconhecidos que se cruzaram com níveis proibitivos de alcool no sangue. Isso faz com que acordem nos braços um do outro, num quarto de hotel, sem nenhuma recordação de como chegaram àquele ponto. O resto do livro vai ser passado a desenrolar este novelo, com a inevitável conclusão que todos esperamos.

Foi um livro bastante divertido, apesar de excessivamente parecido (na premissa mais que na execução) com o filme que mencionei. Também não sou muito fã do instalove, aquele tipo de casal que após duas horas de se conhecerem já sabem que são almas gémeas, mas neste caso em particular não foi muito irritante. Ao contrário de um certo livro que vos virei aqui falar em breve, este dispôs bem e foi tempo bem passado.

Rumo ao próximo. Boas Leituras!

Goodreads Review

I must sound like a broken record, but this is really being a difficult year for reading. My life is currently very intense, with many plot twists, and this leaves me with no mental capacity to get lost in books. In times like these, nothing like a good romance novel to clear the mind. I can’t remember how I came across this one, but it completely filled the brief, which was to keep me entertained in my bus rides.

The author, Lila Monroe, specialises in rom-com (romantic comedies), the kind that warms the heart and makes us laugh. This was another one of those, and more. Imagine “The Hangover” in book format, and instead of 3 dumb friends we have 2 strangers that cross paths with insane amounts of alcohol involved. As a result, they wake up in each other’s arms in a hotel room, with no recollection of how they got there. The resto f the book is spent unravelling this knot, until we reach the end we were hoping for.

This was a very funny book, even though it was too similar to the movie (in the vibes more than the actual plot). I am also not a fan of instalove (quite the opposite, actually), like those couples that 2 hours after meeting each other already know that they are soulmates. But in this case, it was not too annoying. Unlike a book that I will speak about in the near future, this one was funny, engaging and it was time well spent.

On to the next. Happy Reading!

Acabei de Ler – A Thousand Mornings

Mary Oliver

Keep scrolling if you prefer to read in English.

Apesar de ler imensa poesia, é muito raro vir aqui ao Peixinho falar de livros que terminei. Até parece mal, tendo em conta que uma das minhas missões pessoais é partilhar poesia que gosto. No entanto, os livros de poesia são mais como caixas de bombons, e menos como uma boa refeição. Não costumo degustá-los de seguida, são mais algo em que pego quando quero rodear-me de beleza, ou quando quero algo pequeno mas intenso para saborear. Por isso demoro tanto tempo a terminar um livro de poesia, que raramente os contabilizo no Goodreads, ou mesmo falo deles aqui no blog.

Mas não foi esse o caso com esta pequena pérola. Ouvi falar de Mary Oliver no youtube do Jack Edwards, aquele moço que faz furor a falar de livros, e que por acaso tem um gosto literário parecido com o meu. Pareceu-me interessante e resolvi pesquisar. E fiquei absolutamente rendida ao talento desta senhora. Tem uma poesia simples, e que fala exatamente disso, da simplicidade. Da beleza que nos rodeia, da natureza e o seu impacto no nosso bem estar, até no seu pequeno cão que partiu. Uma escrita aparentemente simples, mas que contém tanta verdade e tanta beleza, que me deixou absolutamente rendida. Eu costumo ligar-me mais a poetas portugueses, porque entendo melhor os artifícios de linguagem, mas gostei tanto desta autora que é capaz de se ter tornado numa das minhas favoritas. Contem ver mais poesia dela por aqui às segundas, que já tenho alguns na calha.
Recomendo a todos os amantes de poesia, de natureza, de beleza, ou de todas estas premissas juntas. Rumo ao próximo.
Boas Leituras!

Despite reading a lot of poetry, it is very rare to share here the poetry books that I have finished. Which does not look good, considering the fact that I made it a personal mission to share the poetry I like with my readers. However, poetry books are like a good box of chocolates, and less like a full meal. They are meant to be savoured slowly, in small portions, when I need to surround myself with something good and beautiful. Hence why it takes me so long to finish each book, to the point that I rarely update my Goodreads with them, or share them here.

This was not the case with this small gem. I’ve heard about Mary Oliver in one of Jack Edwards videos. He is the king of BookTube, despite his young age, and we share much of our literary taste. It seemed interesting when he read it, and I went searching for it. And I was absolutely enthralled with this small book, and the author’s talent. The writing seems simple, and it actually speaks about simplicity. And about the beauty that is all around us, about nature and its impact on our wellbeing, and even about the passing away of her small dog. In its apparent simplicity, her writing is filled with truth and awe, and I loved it. I am usually more drawn for Portuguese poets, mainly because I can understand it better, but I have to say this must now be one of my favourite poets. I will be sharing some of her work here in the near future.

I recommend it to all poetry lovers, everyone that loves beauty, nature and the slow pace of a life well lived and enjoyed. You will not regret it. On to the next.

Happy Reading!

Acabei de Ler – O Guerreiro-Lobo

guerreiro-lobo

Pois assim que terminei de ler o primeiro volume da saga das pedras mágicas, tive que pegar logo neste para saber como ia ser o resto da história, já que o primeiro acaba mesmo a meio da história. O Guerreiro-Lobo do título é o nosso conhecido viking, Throst, que Cat conhecera em sonhos e visões, e que no volume anterior a salvou das garras do vilão e a levou consigo para terras do norte. Neste volume vamos ver a luta interior de Cat ao conhecer este povo que até agora ela achava que eram apenas bárbaros selvagens, sem qualquer organização ou humanidade. Mas vai ficar surpreendida quando descobre que, em muitos aspetos, são mais civilizados que na sua Ilha Grande.

Cat vai conhecer muitos aliados, e mesmo familiares, e vai saber melhor qual a sua missão. Mas vai também debater-se com inúmeros inimigos, e com todos aqueles que querem fazer perigar o seu amor por Throst. No geral, foi um livro bom e interessante, mas um bocadinho menos bom que o antecessor. Cat estava muitas vezes dividida, como seria de esperar na situação em que se encontrava, mas o seu nível de insegurança acerca das suas capacidades era por vezes desesperante. No entanto, isso foi apenas um contratempo menor, e a história fluiu bem, os personagens foram coerentes com o que se esperava deles e o final foi bastante satisfatório, com direito a epílogo e tudo. Fiquei com um sentimento de caso encerrado, apesar da história das pedras mágicas continuar em força, desta vez com os descendentes de Cat e Throst. No entanto, não fiquei com vontade de mergulhar imediatamente no próximo volume. Voltarei com certeza a esta história, mas terei que fazer uma pausa na Fantasia, como faço de costume para me dedicar a mundos mais reais.

Aconselho bastante esta saga, não só é Fantasia bem escrita (se nos conseguirmos abstrair da palavra revidar), como é de uma autora portuguesa, portanto são duas vitórias. Assim num ápice, só em Janeiro, já consegui duplicar o número de livros Pt-Pt que li o ano passado. How sad is that?

Rumo aos próximos, que 2024 ainda  vai no adro. Boas Leituras!

Goodreads Review

Acabei de Ler – A Última Feiticeira

ultima feiticeira

Não sei se se lembram do meu balanço de 2023, mas uma das coisas que reparei foi que li muito pouco de autores portugueses. Dos 50 livros que li, apenas um foi de um escritor português, mais concretamente de Saramago. Neste ano que agora corre, achei que estava na altura de tentar corrigir um pouco as coisas. Nem sei o que me levou a começar exactamente por aqui, mas já tinha ouvido falar imenso na Sandra Carvalho como sendo uma belíssima autora de fantasia, por isso resolvi que estava na altura.

Sandra Carvalho é uma escritora de Sesimbra que se focou essencialmente na fantasia épica. Este primeiro volume que li, A Última Feiticeira, se fosse escrito hoje, seria apelidado de Romantasy, porque temos uma bela história de amor entretecida nas linhas da fantasia.

Catelyn McGraw é a mais nova de seis irmãos, e única rapariga. São inseparáveis e vivem na floresta da Grande Ilha, de onde o seu pai é o governante. A mãe tem sangue dos antigos Feiticeiros, e essa herança passou para alguns dos seus filhos. Todos eles têm também consigo uma pedra que foi criada pela avó materna, uma feiticeira que abdicou da sua condição por amor a um humano, e que encapsulou o seu poder em 7 pedras de 7 cores diferentes, que foram depois distribuídas por cada um dos seus netos. Com o passar do tempo Catelyn vai-se apercebendo da extensão dos seus poderes, e de como uma maldição que paira sobre a sua família pode terminar o mundo como o conhecemos. Só ela terá os recursos para fazer frente às forças do mal, mas não sem grandes sacrifícios pessoais.

Fiquei agradavelmente surpreendida com este livro. Não ia com expectativas nenhumas, nem boas nem más, mas as minhas experiências com autores portugueses contemporâneos têm sido muito díspares nos últimos anos, por isso ia preparada para tudo. Mas na realidade esta história está muito bem pensada, e muito decentemente escrita (tenho um pet hate com a palavra revidar, que só descobri com este livro, mas que não suporto!). E sobretudo está escrita com muito ritmo, coisa que às vezes falha nas edições portuguesas. A acção sucede-se a um bom ritmo, as voltas na história fazem sentido, e conseguimos entrar na personagem, alegrarmo-nos e sofrermos com ela. As descrições da felicidade da infância de Cat são muito boas, e conseguimos sentir a sua perda quando a vida começa a mudar radicalmente. E depois, aquele fim absolutamente em suspenso, fez com que pegasse imediatamente no volume seguinte.

Gostei bastante, fiquei agarrada à história, e vou alegremente para o segundo volume, o que quer dizer que só em Janeiro li dois livros portugueses. O ano promete. Recomendo a todos os que gostam de fantasia, daquela cheia de acção e magia, e até mesmo Vikings!

Boas Leituras!

Goodreads Review

Acabei de Ler – Astérix e Latraviata (Astérix #31)

Asterix 31

Quando atravesso uma fase mais complicada de leitura, normalmente coisas que não são o habitual costuma ajudar. Recorro muitas vezes à não-ficção, às minhas viagens literárias pelos Himalaias, mas nem esses expedientes do costume estavam a ajudar neste início de ano. Então resolvi simplesmente desligar, e não pôr pressão em mim mesma.

E depois, num dia qualquer de limpezas, acabei por dar de caras com este livro que andava perdido cá em casa. Eu sou grande fã de Astérix, tenho (tinha) muitos livros desde a infância, que acho que ainda estão algures guardados para quando o jaquinzinho for mais crescido. Mas todos os que eu tinha lido foram escritos pela dupla Goscinny/Uderzo. Ainda não me tinha dedicado a nenhum que tivesse sido escrito e desenhado apenas por Uderzo após a morte do seu companheiro de aventuras.

E talvez isso tivesse a sua razão de ser. Neste volume temos esforços incríveis para conquistar os leitores de sempre de Astérix. Temos o regresso de Falbala, a bela loura que encanta os dois amigos e os faz disputar os seus favores. Temos muita pancadaria com romanos. E temos também umas personagens que aparecem pela primeira vez, e que sinceramente pareciam metidas a martelo, para usar uma expressão também da minha infância, que foram os pais de Astérix e Obélix. O tipo de humor é muito mais brejeiro do que eu me lembrava, falta uma certa fineza a que eu estava habituada.

O resto da história é corriqueira. Romanos a tentar enganar outros romanos, que cruzam caminhos com os nossos gauleses com resultados desastrosos. Aparições dos piratas do costume (mais uma vez metidos a martelo), e mesmo de Júlio César. Mas sem o brilho e o glamour doutros tempos.

Valeu a pena ler? Sim, mesmo assim um mau Astérix é muito melhor que muita coisa que anda por aí. Se ainda não conhecerem toda a obra, se calhar até acham mais graça a este, e serve como um bom ponto de introdução nas histórias. Se são fãs irredutíveis, então vão preparados para alguma dose de desilusão. Mesmo assim, não tanta como se estivéssemos a ver os filmes. É uma leitura rápida e divertida, sempre se passa um bocado agradável.

E agora, rumo ao próximo. Boas Leituras!

Goodreads Review

Acabei de Ler – Bunny

bunny

Keep scrolling if you prefer to read in English.

Comecei 2024 muito sem gás. Terminei o primeiro livro porque já o tinha iniciado em 2023, mas depois demorei imenso tempo a pegar num livro novo. Perdi a conta à quantidade de livros que comecei e abandonei nas primeiras páginas. Depois algures vi uma opinião sobre este livro, mais uma das muitas que já tinha visto, e resolvi experimentar. E acabei por ficar agarrada à história logo desde início.

Samantha Heather Mackey é uma estudante bolseira numa faculdade muito prestigiada, daquelas que só os muito ricos têm acesso. Mas nunca perde o sentimento que é uma impostora, especialmente quando confrontada com o grupo de meninas ricas da sua aula, que se tratam mutuamente por Bunny. Tem uma amiga especial, Ava, com quem preenche os dias, e que é a única que conhece o seu bloqueio de escritor. Mas as coisas mudam radicalmente quando ela própria é aceite no grupo das Bunnies.

Sinceramente ainda não percebi muito bem o que li, e em muitas alturas não conseguia sequer perceber se estava a gostar. Mas na realidade não consegui pousar este livro, e quanto mais lia, mais queria saber que rumo esta história alucinogénica ia tomar. E não foi previsível, mesmo quando parecia que ia ser. Conseguiu sempre surpreender, inovar. Dizem que é um livro de horror, mas confesso que só o percebi lá para meio da leitura. Não tem descrições gráficas, é mais o estarmos suspensos num estado que não é bem realidade, nem é bem alucinação, mas um misto das duas.

Recomendo a todos os que querem ir numa viagem estranha, hipnótica, sem grande aderência a nenhuma realidade. Acho que vou manter esta autora debaixo de olho.

Boas Leituras!

Goodreads Review

I started the year slowly. I finished the first book because I had started it in 2023, but afterwards it took me a long time to pick up a new one. I kept seeing booktubes to see if I got any inspiration, but ended up starting and abandoning a good number of books. I then watched a review of this book online, and decided to give it a go.

Samantha Heather Mackey is a scholarship student in an elite arts college, one of those that is only accessible to the very wealthy. She has this feeling that she does not belong there, is an imposter, especially when she compares herself with the other girls in her writing class, a group of wealthy girls that call themselves Bunnies. She has a very special friend outside school, Ava, with whom she lives and spends most of her days. She is the only one aware of her writer’s block. But all this will change as soon as Samantha joins the Bunnies.

I honestly don’t know if I fully understood what I read, and at some points I could not even tell if I was enjoying the book or not. But I just could not put it down, as I wanted to know where this lunatic story would lead me. And the course it took was not predictable, even when it seemed it would be. It is meant to be a horror book, and it was part of the Goodreads Choice Awards, but I only realized it around half way through. It does not have graphic descriptions, i tis more the way that reality is suspended, and we are lead through a maze of emotions, the main one being suspense.

I recommend it to everyone who wants to embark on a weird and hallucinating ride, not too related with reality. I will definitely keep an eye out for this author’s other works.

Happy Reading!

Acabei de Ler – A Love Song For Ricky Wilde

ricki wilde

Keep scrolling if you prefer to read in English.

Resolvi começar o ano em grande nas minhas “resoluções” e atacar logo um livro do Netgalley. Tia Williams foi a autora de “7 Days in June“, livro que também li pelo Netgalley há algum tempo (algures o ano passado, se não me engano), e que gostei bastante. Apesar de ser um romance (e isto foi uma frase muito pretensiosa), tinha uma perspectiva diferente. A protagonista era negra e mais velha, não o que tipicamente encontramos neste género, e isso foi muito bom. Como gostei deste livro, a editora contactou-me em Novembro passado e sugeriu-me ler o título mais novo de Tia Williams, que irá ser lançado agora em Fevereiro. Claro que não poderia deixar passar essa oportunidade e ataquei-o logo.

Ricki Wilde é a mais nova de 4 irmãs, numa família conceituada de Atlanta, e detentores dum conglomerado de funerárias. A Servilusa dos EUA. Tal como as irmãs, é esperado que Ricki assuma o controlo duma filial e continue o negócio da família. Mas Ricki é diferente e não quer ter nada a ver com essa vida convencional. Muda-se para Nova Iorque, mais concretamente para uma velha casa em Harlem, onde vai abrir a sua loja de arranjos florais. A sua senhoria é uma nonagenária que a adopta como neta, e uma estrela televisiva vai tornar-se na sua melhor amiga. No meio disto tudo vai, obviamente, aparecer um estranho, com tanto de misterioso como de sexy, como sempre se quer nestas coisas. Mas a sua história de amor não vai ser bem como seria de esperar.

Foi uma experiência muito diferente, porque este romance tem um toque de fantástico, um pouco de história, ficamos a conhecer os tempos de glamour do Harlem dos anos 20 do século passado. Foi um romance bonito, com um bocadinho de picante e um bocadinho de cultura, tudo na dose certa. Teve alguns plot twists, alguns que se adivinhavam, mas que faziam sentido na história. Ainda tivemos a presença da protagonista do livro anterior, que foi assim um momento que aqueceu o coração. Gosto dos romances desta autora. Mesmo quando dentro do fantástico, as suas personagens são coerentes, as suas atitudes fazem sentido, e não temos aqui a exploração da má comunicação como razão de todos os males, e só por isso já vale a pena ler.

Gostei muito, espero continuar a ler mais livros desta autora. É quase certo que será traduzido, tal como os dois títulos anteriores da autora. Rumo ao próximo.

Boas Leituras!

Goodreads Review

I started the year by tackling my New Year resolutions, which means I picked up one of my Netgalley books. Tia Williams wrote “Seven Days in June” that I read in the past, also via Netgalley, and I enjoyed it a lot. Despite being a romance (how pretentious of me), it had a different perspective. The protagonist was a black woman in her forties, which we don’t see often in this genre. It was a breath of fresh air. As I liked that book, the publisher offered me to read her new book that is meant to come out in February. I obviously jumped to the opportunity, and I’m glad that I did.

Ricki Wilde is the youngest of 4 sisters, born in an old family from Atlanta. They are the owners of a funeral home franchise. Like her sisters before her, it is expected that Ricki that control of one of the franchises and carries on the family business. But that is not on her plans, as she wants to live her life in her own terms. She moves to New York, to an old Harlem house, and there she opens a flower shop. Her landlady is a ninety something year old lady, who adopts Ricki as a granddaughter, and a famous TV star will become Ricki’s best friend. Obviously, there will also appear a very handsome and mysterious stranger, that will add some spice to the mix. But her love story will not be as we expect it.

This book was a very different experience, as it has a touch of fantasy, but also a lot of history. We got to know more about Harlem’s golden years, in the 20’s of last century, a topic I knew nothing about. It was a lovely romance, with a pinch of spice, a dash of culture, all in the right amounts. There were also some plot twists, a few that we could predict but tied in nicely with the story. There was also a cameo from the main character of the previous book, which warmed my heart. I like Tia Williams’ novels. Even when they are fantastic, the characters are still cohesive, their attitudes make sense, and she does not use the miscommunication trope, and for that I am grateful.

I will continue reading further books by this author, and I expect this one to also be translated into Portuguese, as were the 2 previous ones. On to the next.

Happy Reading!