Feira do Livro de Lisboa 2024

FLL2024

É já daqui a sensivelmente um mês que a Feira do Livro volta a acontecer, no seu local habitual no Parque Eduardo VII. Vai de correr de 29 de Maio a 16 de Junho, mais que tempo para darmos lá uma voltinha, ou mais, consoante o gosto.

O ano passado levei lá o carapau pela primeira vez. Apanhámos uma história infantil a ser contada, que ele muito apreciou, e escolhemos um livro para ele trazer. Mas deu apenas para ver metade da feira, e para o final já com esforço, que a criatura é pouco dada a coisas para ver, em vez de coisas para fazer, como parques e afins. Mas é um apreciador de livros, e há que cultivar esse gosto, porque é uma ferramenta para a vida.

Por isso este ano tenciono levar o carapau novamente, e talvez consiga eu própria dar lá uma escapadinha para ver livros para mim.

E vocês, já planearam a vossa visita? Mantenham-se a par de tudo, incluindo livros do dia e afins, no site da Feira, aqui.
Boas Leituras!

Finalistas do International Booker 2024

international booker 2024 shortlist

Foi anunciada no passado dia 9 de Abril a lista de finalistas ao International Booker Prize 2024, que premeia autores traduzidos para inglês nos últimos 12 meses.

Ainda não tive oportunidade de me debruçar muito sobre esta lista, porque como já disse aqui mil vezes, tenho andado em modo de poucas leituras, mas tendencialmente tenho retirado desta lista em anos anteriores muitas leituras boas. Por isso aqui deixo os finalistas, e devo dizer que há alguns que queria mesmo ler, e já estão no meu Kindle.

  • Not a River de Selva Almada, traduzido por Annie McDermott – Selva Almada, não só tem um nome fenomenal, como é uma escritora de renome na sua Argentina Natal, e no mundo latino-americano em geral. Este livro foi agora traduzido para inglês e conta uma daquelas histórias-não-histórias, que contam pela interação entre as personagens e pelo ambiente, mais que pelo desenrolar da acção. Neste caso, a interação entre dois homens e um adolescente que vão pescar para uma ilha e acabam por alienar a população local com as suas atitudes. 4.01 no Goodreads e 104 páginas. Entretanto o Jack Edwards, aka o rei do booktube, não achou este livro fascinante, por isso o meu entusiasmo esmoreceu um bocadinho.
  • Kairos de Jenny Erpenbeck, traduzido por Michael Hofmann – autora alemã, traz-nos uma história de amor que começa em Berlim Oriental algures nos anos 80 do século passado. A sua evolução complicada vai espelhar o declínio da Alemanha de Leste, e a adaptação a um mundo completamente diferente. 3.54 no Goodreads, com algumas críticas mornas e  379 páginas que também não ajudam. Mas tenho visto boas reações a este livro, e algumas más reações que mesmo assim espicaçaram a minha curiosidade, por isso já está no meu kindle.
  • Mater 2-10 de Hwang Sok-yong, traduzido por Sora Kim-Russell e Youngjae Josephine Bae – uma ficção épica, transgeracional sul-coreana, que atravessa um século de história, até chegar ao século XXI, e se foca em trabalhadores dos caminhos de ferro e de uma fábrica. Parece ser bastante interessante, mas grandito (486 páginas). 3.89 no Goodreads.
  • What I’d Rather Not Think About de Jente Posthuma, traduzido por Sarah Timmer Harvey – a narradora desta história tem um irmão gémeo que na idade adulta decide pôr termo à vida. A irmã que fica vai contar a sua história, através da sua perspectiva, de alguém que está a sofrer e zangada ao mesmo tempo. Parece-me muito interessante, principalmente porque não foi escrito dum modo pesado. 224 páginas e 3.84 no Goodreads, parece-me um bom candidato.
  • The Details de Ia Genberg, traduzido por Kira Josefsson – autora sueca que nos trás as memórias duma mulher febril, e a história das 4 pessoas que mais impactaram a sua vida. Com apenas 112 páginas, tem potencial para ser uma pequena pérola. 3.91 no Goodreads.  
  • Crooked Plow de Itamar Vieira Junior, traduzido por Johnny Lorenz – Torto Arado, dum autor brasileiro, não preciso obviamente de ler a tradução e já anda no meu radar há bastante tempo. A história de duas irmãs descendentes duma familia que trabalha nos campos há muitas gerações, e que têm uma visão de vida completamente diferente. 280 páginas e 4.54 no Goodreads, o que é impressionante.

Já leram algum? Está algum na vossa lista de livros a ler? Digam-me de vossa justiça.

Boas Leituras!

História Clínica

joao luis barreto guimaraes

As mamas da Dona Ana eram um
sítio maravilhoso. Maduras (qual
par de mangas) de entre elas saíam
coisas extraordinárias
(notas de 5 para os netos
lenços bordados no Minho) uma ou
outra medalha do mau-génio
do marido. Dessa vez veio à cidade e
o doutor ficou com uma –
ela deixou de poder encravar no meio delas
tudo aquilo e os santinhos
(deste lado uma colina alta e generosa desse
um prado dividido). Num ano
levou-lhe a outra e outra levou-lhe
o marido (ainda há mulheres com sorte:)
está enfim
livre de perigo.

João Luis Barreto Guimarães in Você está Aqui

Pedra Tumular

couto

A minha geração fugiu à guerra,
Por isso a paz que traz não tem sentido:
É feita de ignorância e de castigo,
Tão rígida e tão fria como a pedra.

Desfazem-se-lhe as mãos em gestos frágeis,
Duma verdade inútil por vazia,
E a língua imóvel nega o som à vida,
Por hábito ou por falta de coragem.

Se há rumores lá de fora, às vezes, lembra:
Porque é que pulsa o coração do mundo,
Precipitado, angustioso, ardente?

Mas depressa submerge na indiferença
– Que lhe deram um túmulo seguro;
E o relógio dá-lhe horas certas, sempre.

António Manuel Couto Viana

Finalistas do Women’s Prize for Non-Fiction 2024

WPFNF - shortlist 2024

Foi no passado dia 27 de Março que saiu a lista de finalistas ao novo prémio literário, o Women’s Prize for Non-Fiction, que pretende distinguir mulheres que tenham investigado e documentado um tema. Achei a lista de nomeados interessante, e com muitas possibilidades de boas leituras. Mas acabei por não pegar em nenhuma, porque passei o mês de Março quase todo com os mesmos dois livros, e ainda não consegui passar disso.

Quanto às finalistas, estou dividida. Três delas estavam definitivamente na minha lista de livros para ler, as outras três pareceram-me ter potencial de aborrecimento associado. Em todo o lado que tenho visto falar disto, Doppelganger parece ser consensualmente aclamado, e está certamente no topo dos meus interesses.

Deixo-vos novamente um resumo das sinopses.

All That She Carried, de Tiya Miles – Algures nos anos de 1850 no sul americano, uma escrava de nome Rose deu à sua filha Ashley, de 9 anos, um saco com alguns pertences como prova do seu amor, e como ajuda à sua sobrevivência. Foram posteriormente separadas e a filha foi vendida. Décadas mais tarde, a bisneta de Ashley encontra o saco e borda-o com palavras de amor. Esta história dá o mote para a autora ir pesquisar mais sobre estas mulheres, e com isso fazer um retrato de resiliência e sobrevivência. Grandito, com 385 páginas, e 3.95 no Goodreads.

Code Dependent, de Madhumita Murgia – uma reflexão sobre o impacto da tecnologia moderna, especialmente a inteligencia artificial, no significado de ser humano, nas nossas relações sociais e na nossa identidade. 4.16 no Goodreads, e 320 páginas, este não está no topo das minhas prioridades.

A Flat Place, de Noreen Masud – A visão duma mulher habituada às montanhas do Paquistão e da Escócia sobre as planícies inglesas, dum modo quase poético, e reflectivo sobre o pós-colonialismo. 4.31 no Goodreads e 256 páginas.

Thunderclap, de Laura Cumming – Mais uma reflexão semi-poética, neste caso sobre a pintura e sua relação com a vida real, ou como pode afectar o nosso modo de pensar e ver a vida. Este relâmpago do título refere-se ao som duma explosão de pólvora em Delft em 1652, que devastou a cidade e se ouviu a muitos kilómetros de distância. Nessa explosão morreu Carel Fabritius, um pintor que ficou apenas com um quadro conhecido, e do qual pouco se sabe. Tem uma premissa engraçada, mas é daqueles que podem ser muito giros ou muito chatos. Tem 4.23 no Goodreads, o que é sempre boa indicação e umas apetecíveis 272 páginas.

Doppelganger, de Naomi Klein – a autora deste livro partilha o nome com uma “influencer chalupa” das redes sociais, e é algumas vezes confundida com ela. Isso desperta-lhe a atenção e é o mote para analisarmos algumas destas tendências estranhas, como ser anti-vacinação, ou não acreditar nas alterações climáticas, e afins. Uma espécie de retrato dos nossos tempos, e uma reflexão sobre a identidade. 4.26 no Goodreads, parece-me muito interessante, apesar das 416 páginas.

How to Say Babylon, de Safiya Sinclair – a autora é jamaicana, filha dum rastafari muito rígido, e que impedia as suas filhas de qualquer vida social, para manter a sua pureza e defendê-las da Grande Babilónia. Um olhar sobre uma cultura de qual se fala pouco, por quem a viveu de perto. Mais um que promete. 4.49 no Goodreads e 352 páginas, está definitivamente na minha lista de livros a ler.

Já leram algum? O que acharam? Outras não-ficções que achem interessantes e me queiram sugerir? Fico à espera!

Boas Leituras!

Don’t Hesitate

Mary Oliver

If you suddenly and unexpectedly feel joy,
don’t hesitate. Give in to it. There are plenty
of lives and whole towns destroyed or about
to be. We are not wise, and not very often
kind. And much can never be redeemed.
Still, life has some possibility left. Perhaps this
is its way of fighting back, that sometimes
something happens better than all the riches
or power in the world. It could be anything,
but very likely you notice it in the instant
when love begins. Anyway, that’s often the
case. Anyway, whatever it is, don’t be afraid
of its plenty. Joy is not made to be a crumb.

Mary Oliver

12 Anos de Kindle

Kindle

O Facebook teve a amabilidade de me lembrar que fez este mês 12 anos que eu recebi um Kindle como presente de aniversário do meu mais que tudo. E isso revolucionou completamente o modo como eu leio, e os livros a que eu tenho acesso. Nestes 12 anos que passaram, ainda vou só no segundo Kindle, um Paperwhite, com o qual estou muito contente. É um bicho que dura muito, a bateria dura há vontade duas semanas, mesmo com uso intensivo (durava mais no inicio, mas este já tem 7 anos de uso), por isso continuo contente, e sem interesse em trocar por outro.

Mas há muitas opiniões por aí acerca destes leitores de livros digitais. Há quem não queira perder a sensação do toque das páginas, o cheiro do papel dum livro novo acabado de comprar, e outras experiências sensoriais semelhantes. Eu, como insensível que sou, não ligo nenhuma a isso. Quiçá, o facto de termos uma perceção mais realista de quanto falta para acabar o livro seja coisa para me convencer. Ou o facto de efetivamente ser mais fácil voltar umas páginas atrás para ver uma frase que nos escapou. Mas a grande perda do Kindle, para mim, está naqueles livros de fantasia que têm um mapa no início. Não só é uma chatice estar sempre a voltar ao início quando queremos consultar, como nem vale muito a pena, porque nem com óculos se vêem bem. Já me resignei a ignorar os mapas destes livros.

Há também teorias que dizem que retemos melhor livros que lemos em papel, e acredito que seja verdade. Até porque a velocidade com que leio no Kindle é consideravelmente maior. Mas as inúmeras vantagens conseguem superar estes inconvenientes. Começa logo pelo tamanho da letra, que no meu Kindle está no segundo maior, e as pessoas da última fila do meu autocarro matinal conseguem ler o livro tão bem como eu, tal é o tamanho daquilo. Mas considerando o mal que ando a ver, ajuda imenso. E depois, a acessibilidade de livros é imensa, e basta um click para ter um livro novo. Infelizmente, não tanto nas editoras portuguesas, que ainda têm a mania de não disponibilizar muito para Kindle com medo de pirataria, mas na minha opinião de leiga, acabam por perder o comboio se não se adaptarem. Neste ponto creio que um Kobo é melhor, porque se tem acesso à loja Kobo que tem os títulos portugueses disponíveis. Mas, como eu leio preferencialmente em inglês, esse problema não se põe.

O fim-de-semana passado fomos dar uma volta em família, que envolveu estadia. E foi a primeira vez, nestes 12 anos de Kindle, que eu passei uma noite fora sem o levar. Senti que me tinha esquecido de alguma coisa, mas na realidade acabei por me adaptar. Muito graças ao facto de ter descoberto um audiolivro que finalmente me prendeu a atenção. Por isso, não levar o Kindle não foi sinónimo de não ler. Quem sabe não foi o começo de uma nova era? Bem que me fazia bem poupar um bocadinho os olhos.

Falarei em breve deste audiolivro que ando a ler, assim que o acabar provavelmente. E dos outros livros que continuarei a ler, quer em digital quer em papel, que eu não sou esquisita e acredito que tudo é ler.

Até lá, Boas Leituras!

Vagas

ines lourenço

A colcha da cama desfeita é agora mais leve e mais clara.
As sandálias brancas enviaram
ao armário, a sombra
impermeável das botas. No lugar
do gorro de lã, demora-se hoje
um leve chapéu de palha. Algumas
plantas secaram, mas o calor dos
corpos libertou os lençóis
da sua humilde tarefa, lançando-os
longe como vagas de Agosto.

Inês Lourenço  

Acabei de Ler – Pucking Around

pucking around

Keep scrolling if you prefer to read in English.

Parece impossível eu fazer 3 posts quase seguidos sobre belíssimas listas literárias com livros upa upa, e vir aqui falar dum romançolas logo de seguida. Mas a vida é mesmo assim, e terminei este menino há muitas semanas atrás, mas nem sabia bem como vir aqui falar dele.

Esta autora é muito prolífica a escrever romance, desde fantasia a romance histórico, e enveredou também pela loucura dos romances com desportistas, no caso deste livro o hóquei. Não tenho nada contra a modalidade, e confesso que foi a parte mais engraçada do livro. Rachel é a nossa personagem principal, é fisioterapeuta especializada em lesões desportivas, e vai fazer um estágio numa recém-formada equipa de hóquei. Lá chegada, descobre que um dos jogadores (Jake) foi um tipo com quem passou uma noite há dois meses atrás, mas que acha que é a sua alma gémea (já aqui tinha dito o quanto eu não gosto desta trope de instalove? Creio que sim, mas este livro é o exemplo perfeito do porquê). Mais uma vez, expliquem-me como é que se desconfia que alguém é a nossa alma gémea só por se passar uma noite? Quando se reencontram, as coisas retomam mais ou menos onde tinham ficado. Mas parece que sabia a pouco, e vai daí que se adiciona o melhor amigo do Jake, o Caleb, para apimentar a coisa. E quando eles estão caidinhos por ela, ela decide que afinal ainda tem um ratinho, e resolve acrescentar mais um gigante finlandês à equação. Depois disto o resto do livro é só uma tentativa de conseguir todas as permutações possíveis com este conjunto de pessoas, com descrições longuíssimas de ramboia. Nada contra, mas faltava tudo o resto para fazer disto um livro suportável. O que me chateou mais foi a personagem principal não fazer sentido nenhum nas suas decisões, diálogos, monólogos internos.

Acho que a pergunta mais relevante que se pode fazer é: considerando que este bicho tem quase 800 páginas, porque raio é que não desisti a meio? Em minha defesa, as cenas de sexo são lidas muito na diagonal, o que retira logo 2/3 das páginas. Mesmo assim acho que só perseverei, porque como tenho dito por aqui não tenho tido cabeça para livros mais sérios.

Não recomendo a ninguém, a história é quase infantil, a personagem principal é desesperante, e como disse anteriormente, só se salvaram algumas descrições dos jogos que hóquei. Se forem como eu, não resistem a ir ler, porque eu peguei neste livro depois de ver uma péssima review do Jack Edwards, o rapazinho do Youtube que tem um gosto parecido com o meu.

Espero que as próximas leituras sejam melhores e mais interessantes. Boas Leituras!

Goodreads Review

It seems impossible that I just made 3 posts with some really good award deserving longlists, and after that I come here to review a hockey romance. But that’s life around here. I finished this bad boy a few weeks ago, and I almost didn’t know what to say about it.

This is a very prolific romance author, from fantasy to regency and also the sports romances, namely the new craze of hockey romance. I have nothing against this sport, and the game descriptions were actually the best part of this book, in my humble opinion. Rachel, the main character, is a physical therapist, specialized in sports. She earns an internship in a newly formed hockey team, and this is the starting point for this story. When she gets there, she finds out the one night stand she had 2 months before is actually one of the players (Jake). This comes in handy, as she felt he was her soulmate, and was missing him. Have I told you recently how much I hate the instalove trope? I’m sure I did, but books like this one are the main reason for it. How can you decide that someone is your soulmate after one night, regardless of how incredible the sex was? Anyway, once they get reacquainted, they pick up where they left off, and go from there. But Rachel is not satisfied, and decides to add Caleb, Jake’s best friend, to the mix. But she is still missing just a little something, so she decides to throw in as well Mars, a giant Finnish goalie. After this the book is just a series of permutations between all four of them, in all combinations possible (and some that I found really unlikely, but hey, I’m not that athletic, maybe they are possible). Nothing against some spice, but this was all there was. The book lacked a strong story, the characters motivations and dialogues made no sense, and the main character was super annoying.

The relevant question here is: considering this book is almost 800 pages long, why did I keep on reading it? In my defence, 2/3 of the book was spice, and I just skimmed through those pages. But I think I lacked concentration and focus to read something more serious, so I stuck with this even though I was not really enjoying it.

I don’t recommend this book to anyone, the story is childish, at best. But if you are even a bbit like me, you will end up reading it. I picked it up after seeing this terrible review from Jack Edwards, the young British guy that has a book taste similar to mine.

I hope my next reads are better. Happy Reading!

Nomeados do International Booker Prize

Booker International 2024

E assim de rajada temos três listas de nomeados, só para me darem mais títulos para acrescentar à minha já longuíssima lista de livros que quero ler. Desta vez mais um prémio que me tem dado muitas alegrias, na forma de bons momentos passados a ler (o ano passado lembro-me por exemplo do Boulder). Mais comedidos que as juradas do Women’s Prize, aqui temos “só” 13 títulos por onde fazer a nossa selecção. Já sabem o que acontece, eu vou ler sinopses para vocês não terem que o fazer.

As minhas impressões seguem abaixo.

  • Not a River de Selva Almada, traduzido por Annie McDermott – Selva Almada, não só tem um nome fenomenal, como é uma escritora de renome na sua Argentina Natal, e no mundo latino-americano em geral. Este livro foi agora traduzido para inglês e conta uma daquelas histórias-não-histórias, que contam pela interação entre as personagens e pelo ambiente, mais que pelo desenrolar da acção. Neste caso, a interação entre dois homens e um adolescente que vão pescar para uma ilha e acabam por alienar a população local com as suas atitudes. 4.03 no Goodreads e 104 páginas.
  • Simpatía de Rodrigo Blanco Calderón, traduzido por Noel Hernández González e Daniel Hahn – escritor venezuelano com um livro de ficção que se passa na Venezuela de Nicolas Maduro, em que há um exodo maciço de pessoas, que deixam para trás os seus animais de estimação. Este é o ponto de partida para Ulises, o protagonista, ser incumbido com a missão de construir um abrigo para cães. Parece-me uma premissa diferente e engraçada, vou ficar de olho. 3.88 no Goodreads, e 272 páginas, este livro já foi traduzido para português pela Alfaguara.
  • Kairos de Jenny Erpenbeck, traduzido por Michael Hofmann – autora alemã, traz-nos uma história de amor que começa em Berlim Oriental algures nos anos 80 do século passado. A sua evolução complicada vai espelhar o declínio da Alemanha de Leste, e a adaptação a um mundo completamente diferente. 3.54 no Goodreads, com algumas críticas mornas, acho que não vai ser dos meus prioritários. As 379 páginas também não ajudam.
  • White Nights de Urszula Honek, traduzido por Kate Webster – este é o primeiro romance desta jovem poetisa polaca, e na realidade não é bem um romance, mas um conjunto de 13 histórias interligadas, sobre um grupo de pessoas que cresceu e vive na mesma zona do sul da Polónia. Mais um livro pequeno, com apenas 160 páginas, e que me parece muito interessante. Gosto sempre de ler poetas que se aventuram na prosa. Tem 3.81 no Goodreads.
  • A Dictator Calls de Ismail Kadare, traduzido por John Hodgson – em Junho de 1934 Stalin fez alegadamente uma chamada telefónica para Boris Pasternak (autor do livro Dr. Jivago), e a partir daqui desenrola-se um mistério ao género de true crime. Parece-me daqueles que tanto pode ser muito bom, como muito mau, mas despertou-me curiosidade. No entanto, apenas 3.30 no Goodreads e criticas muito mornas ao livro deste autor albanês. Não será dos meus prioritários a ler, apesar de ter apenas umas simpáticas 256 páginas.
  • The Silver Bone de Andrey Kurkov, traduzido por Boris Dralyuk – Andrey Kurkov é um autor russo/ucraniano que já foi nomeado para o International Booker Prize o ano passado com Jimi Hendrix Live in Lviv, e repete este ano com este thriller passado no início do século XX, e que parece ser o início duma série com o mesmo investigador. Tem 3.52 no Goodreads, e 305 páginas. Apesar de ser a segunda nomeação, ainda não me entusiasmei por ler nada deste autor.
  • What I’d Rather Not Think About de Jente Posthuma, traduzido por Sarah Timmer Harvey – a narradora desta história tem um irmão gémeo que na idade adulta decide pôr termo à vida. A irmã que fica vai contar a sua história, através da sua perspectiva, de alguém que está a sofrer e zangada ao mesmo tempo. Parece-me muito interessante, principalmente porque não foi escrito dum modo pesado. 224 páginas e 3.84 no Goodreads, parece-me um bom candidato.
  • Crooked Plow de Itamar Vieira Junior, traduzido por Johnny Lorenz – Torto Arado, dum autor brasileiro, não preciso obviamente de ler a tradução e já anda no meu radar há bastante tempo. A história de duas irmãs descendentes duma familia que trabalha nos campos há muitas gerações, e que têm uma visão de vida completamente diferente. 280 páginas e 4.54 no Goodreads, o que é impressionante.

Como quase sempre, não conhecia nenhum sem ser o brasileiro, e ainda não li nenhum deles. Mas fiquei com vontade de ler bastantes desta lista, principalmente os mais pequenotes, mas isso apenas porque ando com dificuldades de concentração em livros maiores. A impressão com que fiquei destas três listas de nomeados, é que os temas da maternidade e do suicídio apareceram bastantes vezes, o que é interessante.

Já leram algum, ou algum está nos vossos planos? Contem-me tudo. Eu virei cá dar conta dos livros que leio de todas estas listas de nomeados, tenho muito por onde escolher.

Boas Leituras!