Livros que Recomendo: Asterix o Gaulês

Asterix o gaules

Não consigo enumerar as vezes que li este livro, mas foram largas dezenas. Este não foi o primeiro livro do Asterix que li. Essa honra cabe a Astérix e Cleópatra, depois duma amiga dos meus pais me ter levado a ver o filme de animação, mas desde aí nunca mais parei.

Todos os anos, na nossa visita anual à Feira do Livro, eu comprava pelo menos mais um volume da colecção. E sempre que isso acontecia eu voltava religiosamente a ler todos os outros. Tinha alguns preferidos (ainda hoje me lembro do Astérix entre os Helvéticos, ou entre os Bretões). Na realidade, se pensar bem, os meus favoritos eram todos aqueles em que Astérix e Obélix viajavam para terras distantes para ajudar algum amigo em apuros. Isso fez-me aprender imenso sobre outros países e a sua história, tudo em suave brincadeira.

Estes livros são mágicos, divertidos e podemos aprender alguma coisa com eles. Claro que estes dois amigos improváveis resolvem quase tudo à pancada, e neste mundo em que vivemos hoje do branqueamento do politicamente correcto, tenho a certeza que alguém se há-de insurgir contra isso. No entanto, eu que não acredito em politiquices e nunca resolvi nada pela força, tinha nestes livros os meus favoritos de infância.

A história deste livro é simples, e centra-se no rapto de Panoramix pelos romanos para obterem o segredo da poção mágica, com todas as peripécias que já sabemos virão a seguir. Acaba como sempre, com um grande banquete em que o bardo é de algum modo impedido de cantar!

Recomendo a todos os jovens de espírito, a todos os que gostam de BD e bons livros, a todos os que querem passar um bom momento com os seus filhos em leituras conjuntas.

E quem não se lembra das famosas palavras de abertura?

Estamos no ano 50 a.C.. Toda a Gália está ocupada pelos Romanos… Toda? Não! Uma aldeia povoada por irredutíveis Gauleses resiste agora e sempre ao invasor.

Boas Leituras!

Fim de Semana em Constância

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Ler – A actividade principal do fim-de-semana

Ora depois de andarmos aqui em bolandas, decidimos que o melhor mesmo era aproveitar o previsivelmente último fim de semana de bom tempo e rumar a um sitio perto que ainda não conhecêssemos. A escolha recaiu em Constância, uma vila não muito longe de Lisboa, onde o Zêzere encontra o Tejo, e é isso que a torna especial.

Partimos na sexta para aproveitar o feriado, e fomos direitos ao Castelo de Almourol, outro dos sítios que ainda não conhecíamos. No caminho parámos no Restaurante Almourol para um almoço calmo, e ficámos agradavelmente surpreendidos. Apesar de muito cheio (para a próxima reservamos), o serviço foi bom e a comida bastante interessante. Eu comi um lombo de fataça, peixe que desconhecia, e fiquei fã. O peixe no forno do outro Peixinho já não estava tão bom, por isso win some lose some.

Se chegarem cedo, ou reservarem conseguem ainda uma bela vista para o Tejo que passa mesmo ali ao lado. Recomendo, gostámos muito.

Dali fomos então ver o Castelo de Almourol, para desmoer e conhecer mais uma coisa nova. É realmente bonito, numa paisagem privilegiada, mas para apanhar o barco até lá implicava esperar ao sol, e resolvemos deixar para outra vez. Estará agora uns dias fechado para renovações, mas não será muito tempo.

Finalmente rumo a Constância, ou melhor uma quinta sossegada a cerca de 2kms, que foi a nossa morada durante os 3 dias do fim de semana. Foram uns dias mesmo para descansar. Além dum passeio a Constância à beira Tejo e Zêzere, ainda fomos almoçar ao Dom José Pinhão, um restaurante simpático. Mas a maioria do tempo foi passado a ler à beira de piscina ou a passear pela quinta para ver os animais.

Já fazia falta um tempo assim, relaxado e sem mais preocupações que o grupo gigante de pessoas que ficaram na casa ao lado com uns miúdos que aparentemente tinham pilhas para gritar quase 24h por dia e cujo principal passatempo era fazerem bombas na piscina. Mas não pode ser tudo perfeito, se não custa mais voltar a trabalhar.

Mas Constância é uma zona simpática, com uma envolvente bonita e onde se come uma bela comida ribatejana. Eu pessoalmente recomendo a fataça, que não conhecia, mas que fiquei muito fã. E claro, tem uma imensidão de sítios bonitos e sossegados para ler.

Bons passeios e boas leituras!

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O Castelo de Almourol
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A piscina, local onde se passou toda a leitura
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O Zêzere e o Tejo encontram-se em Constância
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Fataça, uma iguaria que passei a conhecer

Acabei de Ler: A Morte de Lord Edgware (Poirot 9)

A-Morte-de-Lord-Edgware

Ultimamente tenho tido alguns dias em que a concentração não é muita, e, como disse anteriormente, nada como recorrer a velhas apostas seguras para proporcionar entretenimento e passar um bom bocado a ler descomprometidamente. Nessa categoria encontram-se os Poirots, até porque incumbi a mim própria a tarefa de os ler por ordem cronológica (de acordo com a lista do Goodreads e intercalados com o Inspector Maigret).

Assim, chegou a vez desta Morte de Lord Edgware. Foi mais um daqueles livros em que a Agatha Christie estava em alta e o mistério conseguiu manter-se mais ou menos até ao fim. Mesmo quando comecei a suspeitar de quem seria o assassino, não consegui de todo perceber o mecanismo do crime, o que foi bastante refrescante.

Esta autora vai tendo altos e baixos, e é muito bom quando ela consegue manter o mesmo nível durante dois livros seguidos, já que o anterior também foi bastante bem conseguido.

Recomendo a todos os amantes do género, fanáticos de Poirot e quem gosta duma boa leitura descomprometida.

Goodreads Review

Livros que Recomendo: O Hobbit

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Como grande fã de livros de fantasia faltava vir aqui recomendar um livro do mestre do género, aquele que lançou as bases para muito do que se escreve actualmente e que criou todo um mundo novo, repleto de criaturas, linguagens, complexas relações sociais e uma beleza delicada.

Seria de esperar que recomendasse a trilogia do Senhor dos Anéis, já que é sem dúvida a obra maior e mais representativa. No entanto, caso ainda não tenham reparado, o Peixinho é um nadinha obsessivo-compulsivo e acredita nestas coisas estranhas de ler uma história por ordem, e na realidade o que dá o pontapé de saída em toda esta história é este Hobbit. Aqui ficamos a conhecer detalhadamente esta raça, que vai ser fulcral no resto da história, bem como percebemos de onde vem o anel, como foi introduzido na história, mas acima de tudo é uma história muitíssimo bem contada.

Não se deixem por favor enganar pela xaropada comercial que foram aqueles 3 filmes em que este livro se transformou, e que não lhe fizeram justiça. A história não se arrasta assim tanto, os anões são muito mais divertidos, e a acção é real e dinâmica.

Tolkien inspirou-se nas histórias que contava aos seus filhos, bem como no seu próprio interesse noutros trabalhos de fantasia, nas lendas nórdicas e até mesmo no contexto social que o rodeava. Apesar de ser considerado um livro juvenil, a qualidade da história e da escrita tornam-no acessível a todas as idades.

Recomendo este livro a todos aqueles que gostam de se deixar seduzir e encantar por uma história fantástica, cheia de significado e com personagens que nos fazem sonhar.

Boas Leituras!

Acabei de Ler: Gina in the Floating World

gina

Keep scrolling if you prefer to read in English.

Já é mais que sabido que o Peixinho gosta de literatura erótica, e que anda um bocadinho desiludido com o que se escreve atualmente. Ainda não percebi se sou eu que ainda não descobri os livros bem escritos, sem implicações de moralidade puritana duvidosa, ou se pelo contrário o politicamente correcto também invadiu esta corrente da literatura, normalmente mais transgressiva. A regra parece ser, podes fazer as coisas mais escabrosas, desde que seja com o homem que vais casar (ainda a influência das 50 Shades).

No entanto, por vezes aparecem pequenas pérolas. Esta chegou até mim por intermédio do Netgalley e não fiquei desiludida.

Passado no Japão em 1981 este livro conta-nos a história de Dorothy, uma jovem americana de 23 anos que vai fazer um estágio em finança no Japão para ganhar experiência na área e em multiculturalidade para poder prosseguir os estudos numa Universidade Americana de renome.

Quando lá chega percebe que há um fosso cultural abismal, que afinal já não vai ter bolsa de estudos e que vai ter de arranjar trabalho para continuar a perseguir o seu sonho. O que se seguem são uma série de peripécias em que Dorothy se transforma em Gina, uma empregada em bares de Tóquio, onde vai vivendo uma série de experiências novas, desafiantes, onde se conhece a si mesma e aos seus limites e nos leva pelos meandros da sociedade japonesa dos 80’s.

Claro que o livro não é perfeito, e nalguns momentos as reacções de Gina parecem um pouco infantis, mas no geral é uma história bem escrita, bem contextualizada, cheia de sensualidade muito mais que cenas explicitas, um erotismo que nos é trazido através da arte japonesa, dos locais a visitar, da cultura em geral.

Gostei muito e recomendo a todos aqueles que gostam de erotismo e de viagens.

Goodreads Review

As you might know if you follow the blog, I am a fan of erotic literature, albeit a bit disappointed with what is being written at the moment. I still haven’t figured out if it’s me who haven’t come across well written books, without prudish moral concerns, or if on another hand the political correctness has invaded this type of literature that used to be more transgressive. The rule of thumb seems to be, you can do the most outrageous things, as long as you marry the guy in the end (still the 50 Shades influence).

Despite all this, every once in a while I come across a small treasure like this book, that came to me through Netgalley.

The action is set in 1981 Japan, and we follow the story of Dorothy, a young American girl that wants to proceed her studies in a renowned university, and to accomplish that she needs an internship abroad. This will provide both with experience on the job and a multicultural experience, crucial for the university she’s applying to.

Once in Japan she realises the cultural gap is bigger than she was expecting, her scholarship is also not happening and this means she is left with no money on a foreign country, needing a job to complete the internship. The rest is the depiction of her adventures as a hostess in Japanese bars, while she learns the language, art, food, but most of all she learns her limits and limitations. She has several interactions with different kinds of men, and all of these make her grow.

The book is not perfect and sometimes Gina (Dorothy) feels a bit childish, however the story is good, the background is coherent and adapted to the story, very sensual and full of beautiful scenes that intertwine eroticism with art and culture.

I liked it very much and recommend it to all fans of erotic literature and travels.

Happy Readings

Ler nas Salas de Espera

sala de espera

Por motivos variados o Peixinho tem passado bastante tempo em salas de espera de hospitais, centros de saúde,  finanças e outros serviços em geral. Às vezes temos de andar ao sabor do que a vida nos traz, e tem sido esse o meu périplo ultimamente.

Esperava eu que estando tantas horas sentadinha numa cadeira de Kindle na mão, os livros se sucedessem a um ritmo vertiginoso e eu estivesse a quebrar records de leitura. No entanto não tem sido bem assim.

Na realidade não consigo imaginar sítio menos propício a uma boa leitura que uma sala de espera. Quando estive 5 horas nas urgências devo ter lido no total 2 capítulos, e pouco me lembro do que li. Estando nas urgências estava obviamente preocupada e com pouca cabeça para leituras complexas. Até aí nada de mais, escolhi um Poirot que é uma coisa simples e de processamento mental fácil.

Mas depois temos um número que nos foi atribuído, e sabemos que a qualquer momento somos chamados. Nós e as dezenas de pessoas na mesma sala. O que significa que cada vez que o placard com as senhas apita, e fá-lo quase de 30 em 30 segundos, temos de levantar os olhos para ver se chegou a nossa vez. E este ritual processa-se durante todo o tempo que estamos à espera, impossibilitando qualquer tipo de concentração.

E a sensação é a mesma, quer esteja no hospital, nas finanças ou nos CTT. Por isso continuo alegremente a avançar mais na leitura nas horas que passo no autocarro, ou nalguns serões literários do que em salas de espera onde a vigilância é constante.

Boas Leituras!