Já aqui recomendei um livro de Gabriel García Márquez, um dos mais importantes escritores sul-americanos do século XX, mas depois da compra dos direitos desta obra pela Netflix para uma série, achei que estava na altura de vir aqui recomendar que o leiam antes que saia o produto televisivo.
Cem Anos de Solidão não é um livro fácil, e estou curiosa em saber como resultará em série. Eu própria penso que terei de o reler antes, para me poder indignar com justiça, ou espantar com a qualidade da adaptação. Mas, como o título indica, ao longo de 100 anos, mais coisa menos coisa, vamos seguindo a odisseia da família Buendía Iguaran, fundadores da aldeia fictícia de Macondo, situada num local remoto da América do Sul. Começamos com o casal José Arcádio Buendia e Ursula Iguaran, os patriarcas e pilares desta família, e seguimos a história até aos seus trinetos. O facto da maioria dos filhos homens se chamarem alternadamente José Arcádio ou Aureliano é muito significativo para a história e revela muito sobre os personagens, mas torna a leitura desafiante e, para os menos resistentes, até aborrecida.
Mas este livro é tudo menos aborrecido. Quando eu o li, faz mais de 20 anos, ainda tinha boa memória, e consegui seguir a história sem problemas. Lembro-me de passar noites acordada para acabar o livro, e que chorei imenso quando este terminou, não só pelo final impactante, mas pela angústia da separação daquela família que quase se tornara a minha. Hoje em dia seria impensável o meu cérebro tipo queijo suíço conseguir manter a cadência de todos aqueles filhos, netos, etc, etc, mas há várias estratégias. Há quem tenha feito anotações numa folha metida dentro do livro, para facilidade de consulta, ou, na era das novas tecnologias, há imensas árvores genealógicas disponíveis que nos ajudam nessa tarefa.
Escrito nos anos 60 e publicado em 1967, com uma primeira edição de apenas 10000 exemplares, este livro é hoje em dia um ícone da literatura sul-americana, ficando apenas atrás de D. Quixote de La Mancha em termos de importância para a língua espanhola.
Outra vantagem, é que este livro á tão antigo que certamente encontrarão bons preços nas livrarias, alguém terá para emprestar, ou andará perdido em alfarrabistas. Isto antes de se aproximar muito a febre do Netflix, que com certeza fará inflacionar tudo.
Recomendo a todos os que são fãs de boa literatura, não se deixam assustar com o tamanho e complexidade de um livro, e que gostam de um toque de realismo mágico sul-americano.
Boas Leituras!
Meu segundo livro da vida!
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Vou ter que reler em breve. Obrigada pela visita. ☺️
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Pertence aos livros da minha vida também.
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É realmente um marco. Obrigada pela visita. ☺️
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Oh god! cérebro tipo queijo suíço!!! Eu me identifiquei imenso!!!! kkkkkk É um dos meus livros preferidos e quando li também acompanhei sem dificuldade, mas hoje… bom, hoje minha memória funciona bem demais, posto que a principal função da memória na verdade é esquecer….. Mas seria bom mesmo reler antes da série estrear, pois se indignar com vontade e argumentos é fundamental rsrs ou então, espero, poder admirar com entusiasmo!!!
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É exactamente isso! Também espero me admirar em vez de indignar. ☺️ Obrigada pela visita!
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Esse é um livro que eu tentei ler já duas vezes quando era adolescente, nunca consegui um momento para terminar. Meu problema é a falta de capítulos, e ter que ficar voltando várias vezes onde estava para me encontrar novamente. E eu fico muito decepcionada comigo mesma, por que achava a história fantástica e emocionante.
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Percebo esse sentimento. Eu por exemplo nunca consegui terminar um livro de Saramago, a escrita dele é estranha para mim. Mas já não fico frustrada com isso, há muitos livros bons para ler ☺️.
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Nunca nem tentei ler um livro do Saramago, mas tenho curiosidade
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