A Gata é um livro pequeno que eu adquiri recentemente e que nos descreve um momento que se passa durante poucos meses na vida de um casal recém-casado, mas que descreve com força e intensidade uma grande variedade de sentimentos humanos.
O primeiro que salta imediatamente à vista é o amor pelos animais, na pele do nosso protagonista Alain, que tem uma gata, Saha, pela qual tem um profundo amor e admiração pelos seus modos felinos. É mesmo um conhecedor de comportamento animal e predatório, e isso vai ser fundamental no desenrolar da história.
Outro que também é óbvio é o ciúme, neste caso o ciúme que Camila sente daquela que considera ser a sua rival, a gata que disputa o lugar no coração do seu marido.
Mas mais dissimuladamente encontramos outros sentimentos, uma incapacidade de crescer e entrar no mundo adulto, o olhar de cima pessoas que são de estratos sociais inferiores, o casar por convenção social com quem nos é vantajoso social e comercialmente, mas sem estar preparado ou sequer interessado.
Apesar de Alain ser retratado como o personagem com o enorme amor ao animal, gerou em mim um desprezo profundo pela sua indolência e espírito de menino mimado. Acho mesmo que esta foi uma das melhores características deste livro, ser tão bem escrito e tão envolvente apesar de nenhuma das personagens despertar simpatia.
Mas na realidade não é bem assim, porque Colette foi mestra em descrever a sensualidade felina de Saha, as suas deambulações, movimentações e comunicação em geral estavam tão bem descritas que ela foi sem sombra de dúvida a minha personagem favorita.
Recomendo a todos os que gostam de livros de época, de imaginário francês, de sensualidade.